Um dia depois de a Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) instalar dois postes para a prática de vôlei na praia de Ipanema, na zona sul de Porto Alegre, uma moradora da região, de 46 anos, viu dois jovens com uma pá retirando a estrutura. Não deu bola, por achar que se tratava das próprias pessoas que haviam colocado os postes na área da Avenida Guaíba, na altura das ruas Leblon e Gávea.

— Foi na sexta-feira, perto do meio-dia. Eram dois rapazes bem arrumados — relatou.

Mal sabia ela que havia se tornado testemunha ocular de um ato de vandalismo que pode ter origem em disputas entre desportistas na orla do Guaíba. No local, praticantes de kitesurf reclamam que os postes atrapalham na atividade deles.

— As pessoas pousam naquela área onde foram colocados os postes. Para pousar, precisam de 30 metros. Mas não entendo por que isso (a instalação da estrutura) virou motivo de revolta. Não atrapalha muito (para pousar) — afirmou o presidente da Associação Gaúcha de Wind e Kite Surf, Rodrigo Rosa Silveira, o Xopim.

A AABB colocou uma placa denunciando o vandalismo. Na manhã desta segunda-feira, havia um recado a caneta na placa: "Esta área é para a prática de kitesurf". A associação do banco, que doou o material, divulgou em seu site uma nota de repúdio ao ato. "A AABB lamenta o vandalismo ocorrido e espera que atos como esse não voltem a acontecer, prejudicando o bem-estar da população."

Silveira disse que lamenta muito o ocorrido e reclama da presença de jovens que tentam "sabotar" sua função na associação desportiva. Ele confirmou que entre os praticantes ligados à entidade há pit boys envolvidos em rixas com pessoas de outros esportes.

— Eles estão detonando o esporte. Ficou muito chato, muito xarope para nós.

Não há registro de conflitos entre esses grupos, mas há três. em Atlântida, ocorreram brigas entre surfistas e o pessoal do kitesurf, segundo Xopim. Outros moradores apontam existir antagonismos na orla do Guaíba.

— Não parece atitude de vandalismo isolada. Parece (ação) de um grupo antagônico (ao vôlei) — comentou um aposentado de 60 anos.

A colocação dos postes custou mais de R$ 500, conforme a AABB, e não há previsão de reinstalação. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), porém, informou que o equipamento foi colocado no lugar errado, longe das demais canchas de vôlei e em área usada para pouso e decolagem do kitesurf. Assim mesmo, o ato não se justifica, e a secretaria registrou ocorrência na Polícia Civil.

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