| 30/05/2012 10h10min
A greve nos ônibus da Grande Florianópolis entra no terceiro dia. Mas a paralisação poderia ter sido evitada. Pelo menos essa é a avaliação do assessor do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Urbano de Florianópolis (Sintraturb), Ricardo Freitas. Em entrevista na Rádio CBN, ele disse que se as propostas recentes, com avanço nas negociações, tivessem sido feitas na semana passada, a categoria poderia ter recuado o movimento.
— Nosso objetivo não era entrar em greve. Se essa proposta do patronal tivesse sido feita na semana passada, talvez não estivéssemos em greve — disse Freitas, referindo-se às ofertas de aumento nos salários e outros benefícios — Mas a categoria acabou decidindo que o centro da campanha seria a redução da jornada — explicou.
Os empresários haviam proposto aumento no vale-refeição de R$ 400 para R$ 420, mas os trabalhadores não aceitaram. Também rejeitaram a redução gradativa na jornada. Freitas reconheceu que há dificuldade na negociação.
— Se não se pode reduzir a jornada, que seja reduzido o tempo de intervalo. Diminuindo o tempo que se fica á disposição sem ganhar. Mas nessas condições, esbarramos novamente na questão jurídica. Essa lei que regulamentou a profissão do motorista engessa e impede o intervalo menor para motoristas — concluiu Freitas.
Nesta terça-feira, o prefeito de Florianópolis, Dário Berger, salientou que a exigência na redução na jornada torna a negociação inviável. Segundo ele, seria necessária a contratação de mais funcionários.
Sobre a frota mínima estipulada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), o Sintraturb entendeu que a determinação de circulação de 100% dos ônibus nos horários de pico seria o mesmo que não ter greve. Mesmo assim, segundo o assessor Ricardo Freitas, a categoria estava prestes a cumprir a medida.
— Estamos impossibilitados de cumprir por conta de uma infeliz intervenção do vice-prefeito, João Batista Nunes, quando estava terminando a negociação. Nós tínhamos acordado em fazer um trabalho de 2h30min no pico da manha e 2h30min no pico da tarde, com 100% da frota. Estávamos caminhando para o acordo, mas o vice-prefeito insistiu que houvesse também a frota de 100% no pico do meio-dia, que é infinitamente menor — explicou.
De outro lado, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros do Município de Florianópolis (Setuf), Waldir Gomes, disse que não tem posição sobre a redução na jornada.
— Tenho que conversar com todas as empresas para saber a posição de cada uma — disse Gomes, também em entrevista na Rádio CBN.
Segundo Gomes, houve motoristas que chegaram para trabalhar pela manhã, para cumprir a determinação do TRT, mas foram impedidos pelos piquetes montados por grevistas nas garagens. Ele afirmou ainda que houve caso de agressão, mas não deu detalhes.
— Teve empresa que tentou tirar os ônibus, houve agressão e piquetes montados em todas as garagens. Então houve um entendimento dos motoristas para cumprir a frota mínima. Os ônibus estão nos portões, abastecidos e limpos. É só rodar — concluiu.
Gomes informou que não há previsão de negociação para esta quarta-feira. Caso o TRT não chame as duas partes, o Setuf pretende fazer a provocação para que os dois lados tentem avançar rumo a um acordo.
::: Veja fotos do terceiro dia de greve nos ônibus
Serviço de transporte prejudicado
Sem a frota mínima nas ruas, trabalhadores e empresas dividem uma multa diária de R$ 100 mil. Além disso, o Procon de Santa Catarina percorreu as empresas de transporte público da Grande Florianópolis, na tarde desta terça-feira, para aplicar autos de infração.
De acordo a diretora estadual do Procon, Elizabete Fernandes, as empresas serão autuadas por interromperem um serviço de utilidade pública e contínuo. O transporte público não está disponível à população desde a 0h de segunda-feira.
Os autos podem gerar multa de até R$ 6 milhões dependendo do faturamento da empresa. As empresas terão 10 dias para apresentarem uma defesa.
Leia mais:
::: Terceiro dia de greve é marcado por congestionamentos
::: Descumprimento da frota mínima frustra passageiros
::: PM demonstra preocupação com os transtornos
::: Grevistas fazem vigília nas garagens de ônibus da Capital
::: Motoristas e cobradores rejeitam propostas e seguem parados
::: Acesse todas as notícias sobre a greve no transporte público
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2012 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.