| 29/05/2012 18h54min
A série de reuniões sobre a greve do transporte público da Grande Florianópolis está longe de terminar. Logo após o encontro que começou às 13h30min no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no Centro de Florianópolis, e reuniu prefeitura, empresas e representantes dos trabalhadores do transporte público, uma nova assembleia deve ser feita na Praça das Nações, também no Centro. Motoristas e cobradores irão avaliar tudo o que foi acordado e definir os rumos da paralisação.
Esta será a sexta assembleia dos trabalhadores desde a quinta-feira, quando decidiram pela greve — três na quinta-feira; uma domingo e uma na segunda-feira.
Tentativa de negociação
Nesta terça-feira prefeitura, empresários, e representante dos trabalhadores participaram da reunião de conciliação no TRT. O encontro foi mediado pelo presidente em exercício do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Garibaldi Tadeu Pereira Ferreira, que, inicialmente, propôs a unificação da carga horária em seis horas e a manutenção do salario em R$ 1.517.
Depois de uma longa pausa na reunião, em que empresários e trabalhadores discutiram entre si, Ferreira apresentou uma nova proposta: redução de 25% da carga horária agora, passando de 6h40min para 6h30min e mais 25% em maio do ano que vem, passando para 6h20min; INPC integral; aumento no valor do vale refeição para R$ 410 e o pagamento das horas trabalhadas e dos dias parados.
Foi proposto ainda a frota mínima nos horários entre 5h30min e 8h30min e 17h e 20h. Não foi falado, porém, sobre a suspensão de tarifa durante a greve, exigência dos trabalhadores.
Após um nnovo intervalo para avaliarem os termos, empresários e trabalhadores devem anunciar suas decisões.
Desde segunda-feira
O transporte público da Grande Florianópolis está paralisado desde a 0h de segunda-feira. Nem a frota mínima está sendo oferecida à população. Ainda ontem, o Ministério Público do Trabalho (MPT) propôs um dissídio coletivo, pedindo que 100% dos ônibus circulassem nos horário de pico.
Na tarde de hoje, o Procon começou a autuar as empresas de transporte público. Elas podem ser multadas em até R$ 6 milhões. Elas também foram notificadas de que têm 12 horas para retomarem os serviços sob pena de perderem a concessão pública.
Serviço essencial
Conforme a lei 7.773, o transporte coletivo é considerado serviço essencial e, por isso, os grevistas deveriam manter uma frota mínima que atenda às necessidades básicas da população. A lei não estabelece nenhuma porcentagem. O número de ônibus é definido, após o início da greve, pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Em caso de descumprimento, o MPT pede a fixação de uma multa de R$ 100 mil, por dia. O órgão solicita o julgamento das reivindicações dos envolvidos e, o retorno imediato dos empregados ao trabalho, se não houver conciliação.
Última conciliação não teve resultado
Na última sexta-feira, o MPT já havia mediado uma reunião de conciliação entre a prefeitura e os trabalhadores, em que teria sido acordado a manutenção de 80% da frota nos horários de pico e 40% dos ônibus nas ruas em horário normal. Com esses percentuais, seriam 331 ônibus circulando das 6h30min às 9h e das 16h30min às 20h30min e 138 entre 0h e 6h29min, 9h01min e 16h29min, e das 20h30min à 0h. No entanto, esse acordo não foi oficializado.
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:: Serviço de Transporte Especial
Funcionamento:
-- Cinco bolsões de transporte alternativo serão criados na região central de Florianópolis.
-- A frota, de 430 veículos, será composta por ônibus, micro-ônibus e vans já cadastrados pela prefeitura para turismo e transporte escolar.
-- Nos bairros, os passageiros vão embarcar e desembarcar nos pontos de ônibus. Os terminais de integração estarão fechados.
:: Regiões atendidas
- Área central, Continente, Norte da Ilha, Leste da Ilha e Sul da Ilha.
:: Percurso
- Os veículos vão percorrer o mesmo trajeto do transporte coletivo e estão orientados a parar em todos os pontos de ônibus que tenham passageiros.
:: Preço da passagem
- R$ 4 para a área central da cidade, que vai do Centro ao Norte, até o Floripa Shopping, ao Leste até o Itacorubi e ao Sul até o aeroporto.
- R$ 5 para as outras regiões.
:: Horário de circulação
- Das 5h às 20h.
- Após esse horário, os veículos só vão circular se houver demanda.
Fonte: Secretaria Municipal de Transportes, Mobilidade e Termina
:: Entenda a situação do transporte público
O que diz a lei sobre a frota mínima em Santa Catarina?
A lei de greve nº 7.783 coloca o transporte público como um serviço essencial. Neste caso, deve ser mantida uma parcela mínima do serviço, que atenda à população. Por ser um critério subjetivo, quem fixa essa porcentagem é o Tribunal Regional do Trabalho, após solicitação do Ministério Público do Trabalho. De acordo com a professora de Direito do Trabalho da Univali e advogada trabalhista Dirajaia Esse Pruner, a parcela, em caso de greve de ônibus, costuma ser de, no mínimo, 30% da frota.
O que acontece quando não é cumprido um serviço básico?
O Ministério Público do Trabalho pode entrar com uma ação, junto ao Tribunal, pedindo por esta fixação da frota. O Tribunal avalia o caso e pode estipular a porcentagem. Se essa frota mínima não for cumprida, pode haver penalidades, que podem ir desde a multas para o sindicato até o desconto aos trabalhadores por cada dia de paralisação.
A greve é legal?
A professora Dirajaia confirma que a greve é um direito do trabalhador, desde que sejam atendidos requisitos básicos.
Se o funcionário não conseguir chegar ao trabalho em função da greve, ele pode ter o dia descontado?
A lei não coloca a greve de ônibus como uma justificativa de falta, ou seja, o dia não trabalhado poderá ser descontado. Mas, por questão social, os empregadores acabam entrando em acordo com seus funcionários, disponibilizando, inclusive, formas alternativas de transporte.
Quanto é o salário dos motoristas e dos cobradores hoje?
Hoje, os motoristas ganham R$ 1.517 e cobradores, 60% desse valor.
A tarifa vai aumentar na Grande Florianópolis?
O vice-prefeito e secretário municipal de Transportes, Mobilidade e Terminais, João Batista Nunes garante que essa hipótese está descartada. Segundo ele, as reivindicações dos trabalhadores deverão ser feitas com o intermédio do Ministério Público do Trabalho e de maneira a não onerar mais a população.
Caso a jornada de trabalho fosse reduzida, quantos trabalhadores a mais seriam necessários?
Segundo o vice-prefeito, seriam necessários mais 127 motoristas e 117 cobradores de ônibus.
O que querem os trabalhadores
::: Aumento salarial com base no INPC e mais 5%.
::: Redução da jornada de trabalho de 6h40min para 6h, sem redução salarial.
O que diz o Setuf
::: A diminuição da carga horária é inviável, pois exigiria a contratação de mais funcionários, e as empresas não podem arcar com o custo, que teria impacto no preço da passagem.
::: A prefeitura já sinalizou que não vai mais autorizar aumento de tarifa.
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