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 | 30/05/2012 07h32min

Promessa não cumprida de frota mínima frustra passageiros em Florianópolis

Usuários vão aos pontos, mas nenhum veículo circula no terceiro dia de greve

Atualizada às 16h35min Danilo Duarte  |  danilo.duarte@diario.com.br

O acordo feito entre os trabalhadores e as empresas e intermediado pela Justiça do Trabalho era de que 100% dos ônibus deveriam estar circulando em Florianópolis no horário de pico — entre 5h30min e 8h30min, por exemplo — mas a situação vista nas primeiras horas da manhã foi bem diferente: em vão, passageiros aguardavam nos pontos à espera de ônibus.

::: Veja fotos do terceiro dia de greve nos ônibus

Em um dos pontos da Rua Delminda Silveira, no bairro Agronômica, trabalhadores aguardavam pelo transporte coletivo.

O auxiliar de produção Abdo Alberto Abdalla, de 38 anos, conta que acompanhou a decisão na tarde de terça-feira e esperava que houvesse ônibus logo cedo, o que não aconteceu.

— Vi a notícia na imprensa e quando fui dormir acreditava que haveria ônibus para ir trabalhar.

A assembleia dos motoristas ainda não tinha acabado quando Abdalla foi dormir. O mesmo ocorreu com o motorista José Oliveira, 48. Na segunda e na terça-feira, a empresa em que ele trabalha ofereceu transporte alternativo. Ele acreditava, no entanto, na promessa de que haveria ônibus nesta quarta.

Até as 7h, nenhum coletivo circulava em Florianópolis, contrariando a determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). O descumprimento pode gerar uma multa ao Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Urbano de Florianópolis (Sintraturb).

Policiamento reforçado

Com o terceiro dia de greve no transporte público, a Polícia Miltiar reforça o monitoramento nas ruas da Capital para prevenir problemas. Há presença de viaturas, por exemplo, nas garagens das empresas de ônibus. 

Segundo o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Araújo Gomes, até por volta das 7h não havia ocorrências. Em entrevista na Rádio CBN, ele salientou que este é um dos pontos positivos da greve. Apesar disso, lembrou que a população segue sofrendo em razão do impasse entre grevistas e empresas.

— Temos experiência com esses movimentos. O que chama atenção, de forma positiva, é o grau de controle. Estamos no terceiro dia de paralisação e não temos registro de confrontos entre polícia e grevistas, ou de grevistas com a população — explicou o comandante — É preocupante ver o número de pessoas sem saber o que fazer. O transtorno é muito grande — concluiu.

 

O coronel Araújo Gomes explicou ainda que o policiamento nos terminais do Centro, como o Ticen, por exemplo, já estão sendo monitorados de forma mais forte desde o primeiro dia da greve.

Piquete nas garagens de ônibus

A madrugada de quarta-feira foi de vigília nas garagens de ônibus da Capital, tanto na Ilha como no Continente. Grevistas tentam garantir que nenhum ônibus circule no terceiro dia de paralisação no transporte público na Grande Florianópolis.

O Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Urbano da Grande Florianópolis (Sintraturb) informou que nenhum coletivo irá circular, nem mesmo para disponibilizar a frota mínima para a população. Com isso, a categoria e as empresas descumprem a determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

Na Ilha, a garagem da Transol, na SC-401, teve presença de uma viatura da PM durante a madrugada. Informações passadas à polícia davam conta de que um ônibus estava tentando sair, mas teriam esvaziado os pneus. Chegando no local, no entanto, nada disso foi constatado. Foi verificado apenas que um coletivo estava atravessado no portão para impedir a passagem de veículos.

 

Já na Insular, na SC-405, Sul da Ilha, também houve monitoramento da PM. Apesar de alguns motoristas terem indicado que queriam trabalhar, os grevistas não permitiram que nenhum veículo deixasse o local.

 

Terceiro dia de greve:

Os trabalhadores do transporte coletivo não aceitaram a proposta apresentada pelas empresas na noite desta terça-feira. Na assembleia, motoristas e cobradores decidiram também não irão cumprir a determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), ou seja, não colocarão os ônibus para circular nos horários de pico. 

Os empresários haviam proposto aumento no vale-refeição de R$ 400 para R$ 420, mas os trabalhadores não aceitaram. O impasse também está na jornada de trabalho. Os trabalhadores querem redução da carga horária diária de 6h40min para 6h.

>> Para superar os efeitos da greve no transporte coletivo, grupo cria página no Facebook para organizar caronas

Na reunião de conciliação, o TRT propôs que a jornada fosse fixada em 6h30min neste ano e reduzida para 6h20min em 2013. O Sintraturb não concordou com a redução gradual da carga horária.

Além disso, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros do Município de Florianópolis (Setuf) exigiu que os dias não trabalhados durante a greve fossem compensados, o que também não gerou acordo.

Frota mínima

Sem o número mínimo de ônibus nas ruas, conforme determinação do TRT, os trabalhadores e empresas dividem uma multa diária de R$ 100 mil. Além disso, o Procon de Santa Catarina percorreu as empresas de transporte público da Grande Florianópolis, na tarde desta terça-feira, para aplicar autos de infração.

De acordo a diretora estadual do Procon, Elizabete Fernandes, as empresas serão autuadas por interromperem um serviço de utilidade pública e contínuo. Os autos podem gerar multa de até R$ 6 milhões dependendo do faturamento da empresa. As empresas terão 10 dias para apresentarem uma defesa.

>> Confira todas as notícias sobre a greve no transporte público

DIÁRIO CATARINENSE
Guto Kuerten / Agencia RBS

Pessoas esperam em vão pelo transporte público; serviço de vans segue disponível
Foto:  Guto Kuerten  /  Agencia RBS


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