Na Justiça: 18 inquéritos, um julgado

Já se passaram três anos desde que Júlia dos Santos Granella foi executada, em novembro de 2012, aos 16 anos. Seu “erro” foi ter chorado desesperadamente ao presenciar a execução do namorado, Giovanni de Souza, 20 anos, na Vila Elza, em Viamão.

 

E a cada mês que passa, a esperança da família ver a justiça ser feita diminui ainda mais. Conforme a Corregedoria do Ministério Público, na Região Metropolitana, em média, em cada

18 inquéritos de homicídio ou tentativa de homicídio concluídos pela polícia, apenas um chega ao Tribunal do Júri. Um funil que deixa pelo caminho o medo e a desesperança.

 

— Eu me sinto impotente. Sinto falta da minha filha todos os dias e não vejo forma de aliviar isso. Acho que a justiça dos homens não vai ser feita mesmo — resume a mãe, Patrícia Santos Carvalho, 42 anos.

 

Impunes

 

Ela tem receio de falar sobre o crime. Pudera. A Delegacia de Homicídios de Viamão levou um ano e meio para concluir o inquérito. Indiciou os dois suspeitos e, até hoje, nenhum deles foi denunciado pelo Ministério Público.

 

Em Viamão, desde 2011 o volume de inquéritos sobre homicídios remetidos à Justiça pela Polícia Civil é crescente, como em praticamente toda a região. O município foi um dos que, em

2012, inaugurou uma delegacia especializada em homicídios. Ainda assim, apenas 12,6% dos casos foram denunciados pelo MP. Mais de 30% dos inquéritos foram devolvidos à polícia para novas diligências.

 

Aos 16 anos, o sonho de Júlia era corrigir o namorado, envolvido no tráfico. Acabou levada ao mesmo destino dele. Foi morta de forma cruel, com as mãos amarradas, de joelhos e atingida por tiros no rosto.

Júlia e o namorado foram mortos, em 2012, em Viamão

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