A Faixa de Gaza ficou tomada por chamas nesta quinta-feira, após o exército de Israel iniciar seu avanço rumo ao interior da capital da região. Além de um hospital e de um centro de imprensa, uma sede da ONU foi bombardeada por tropas israelenses.

Bairros periféricos de Gaza foram tomados por Israel, que pela primeira vez penetrou fortemente no núcleo urbano da região. Milhares de habitantes fugiam dos bombardeios nesta quinta-feira, o 20º dia de conflitos. Até a tarde, 26 palestinos haviam morrido nos ataques desta quinta, entre eles o ministro do Interior do Governo do Hamas, Said Siyam, atingido por um foguete no norte de Gaza.

Israel bombardeou a sede principal da agência da ONU para os refugiados, ferindo pelo menos três pessoas. Siyam morreu após um ataque ao edifício de três andares em que ele estava. Foram mortos também um irmão e um filho do líder muçulmano. Durante o avanço, as tropas israelenses cercaram a casa de outro chefe do movimento, Mahmoud Zahar, ideólogo do Hamas em Gaza que permanece em paradeiro desconhecido.

Porta-vozes militares israelenses não quiseram confirmar se a atual operação terrestre é o início do ataque final contra o Hamas, após quase três semanas de ataques. As forças de Israel ainda dispararam contra o hospital Al Quds no bairro de Tel Hawa, leste da Cidade de Gaza, que recebeu quatro dos cerca de 50 tiros que as tropas israelenses dispararam em direção ao estabelecimento.

— Ocorreram várias explosões nos prédios do hospital. Em uma das paredes há um grande buraco — disse a voluntária australiana Sharon Locke, do interior do local atingido. — Algumas pessoas trataram de fugir e outras preferiram entrar no hospital e buscar refúgio — contou ela, acrescentando que um dos projéteis alcançou o edifício onde se armazenavam os remédios, destruídos pelo fogo.

No interior do hospital, durante a tarde, permaneciam encurraladas cerca de 500 pessoas, impedidas por atiradores de elite de deixar o local.

A artilharia israelense ainda bombardeou um edifício de 14 andares, onde estão as sedes locais de 10 meios de comunicação internacionais, entre eles as redes de televisão ocidentais Fox, Sky News e RTL. Dois repórteres fotográficos palestinos que trabalham na televisão de Abu Dhabi — capital dos Emirados Árabes — ficaram feridos.

O boletim de guerra diário do Exército israelense fala em mais de 110 alvos atacados por ar desde a meia-noite e em dezenas de confrontos armados, inclusive no interior da capital. Já chega a 1.063 os palestinos mortos em Gaza desde 27 de dezembro, e se agrava o problema dos desabrigados.

Confira a linha do tempo do conflito na Faixa de Gaza e vídeos com análises: