Residência de um dos nomes mais influentes da Joinville do início do século 20, o ex-prefeito Procópio Gomes de Oliveira, o número 934 da avenida que leva o nome dele faz parte de um projeto comercial que aguarda a aprovação da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), responsável pelo tombamento do imóvel desde 2001. Será a primeira obra de restauração e requalificação depois de cem anos de construção da Villa Maria, nome em homenagem à esposa de Procópio, Maria Balbina Miranda de Oliveira.
O sobrado bege continua suntuoso, com seus lambrequins (desenhos em madeira instalados normalmente em janelas e coberturas) ricos em detalhes por quase toda a área externa. O imóvel foi comprado no ano passado por um empresário do Paraná que pretende reativar a função comercial que o imóvel adquiriu depois de 2004, quando os últimos descendentes o desocuparam.
O projeto, assinado pelas arquitetas Livia Falleiros e Anne Soto, da Vega Engenharia e Arquitetura, pretende recuperar forro e assoalho danificados e reverter intervenções internas e nas varandas, fechadas posteriormente com vidro. As profissionais levaram mais de seis meses para realizar o levantamento de toda a área.
Como o tombamento do sobrado é integral, ou seja, inclusive as áreas internas precisam ser mantidas, todas as adequações para tornar o imóvel acessível ao público estarão disponíveis em um prédio que será construído anexo aos fundos do patrimônio. O imóvel alternativo abrigará banheiros adaptados e elevador com acesso ao segundo piso da edificação antiga.
Nos preocupamos em diferenciar em 100% a construção nova da antiga e, por isso, optamos pelo uso de vidro externo, que dá sensação de contemporaneidade. Além disso, a altura do anexo não deverá ultrapassar a do casarão explica a arquiteta Livia.
O jardim característico da residência também será mantido, assim como o muro de elementos vazados. Quando aprovado pela FCC, o projeto deve ter a execução concluída no prazo de um ano.
O imóvel foi construído em 1913, a pedido do coronel Procópio Gomes, que morou no local até sua morte, em 1934. Parte do terreno foi desmembrada e ganhou novos usos, mas o casarão continuou com a família por mais sete décadas. O filho caçula de Procópio, o escritor Moacir Gomes de Oliveira, também morou no local até morrer, em 1982. Depois de 2004, a edificação passou a abrigar um salão de festas infantis.