A fachada nova, um parquinho e uma academia para a melhor idade são as únicas atrações que podem ser usufruídas por quem vai conhecer o Parque Caieira, que completa dez anos de criação em 2014. Seguindo a trilha que leva à lagoa do Saguaçu, no bairro Adhemar Garcia, a cerca com placa avisando sobre a interdição interrompe o passeio. Mesmo reinaugurado em março, não há muitas novidades para os interessados em conhecer os registros históricos e arqueológicos que fazem do ponto turístico um museu a céu aberto: concentrações de sambaquis, oficinas líticas (rochas com marcas da confecção de ferramentas pelos sambaquianos) e dois fornos um patrimônio histórico que lembra a produção de cal a partir da exploração das conchas.
Os insistentes não têm muita dificuldade para ver o que há por trás do aviso de interdição. Sem acompanhamento de monitores, e longe do olhar da vigilância, a barreira é quase sempre ignorada. O que se encontra na área de preservação ambiental e de patrimônio histórico e arqueológico é resultado do vandalismo e da espera. Os cacos de vidraças estilhaçadas e louças de vasos sanitários permanecem na estrutura que deveria ser apoio de ações educativas, e o mato toma conta de áreas antes transitáveis. No caminho, são encontradas novas placas de indicações, enquanto as velhas, já arrancadas, estão abandonadas no mesmo local. Além dos equipamentos, o patrimônio também sai prejudicado. Parte da antiga casa de madeira que abrigou o trabalhador responsável pelo transporte de cal já ruiu.
É pouco provável que este cenário seja alterado antes de 2015. Os recursos para a recuperação do que foi depredado entrarão no orçamento da Fundação Municipal de Meio Ambiente (Fundema), órgão responsável pelo espaço, apenas no próximo ano. Neste período, deverá ser definido o futuro do mirante, que nunca chegou a ser totalmente liberado para acesso devido à instabilidade da estrutura, identificada logo após a construção. A Justiça ordenou à Fundema uma perícia para determinar a demolição da obra, serviço que deve ocorrer nos próximos 30 dias.
Para a diretora executiva da Fundema, Maria Raquel Migliorini, o vandalismo existe porque o parque não foi apropriado pelos moradores, que esperavam do lugar outras possibilidades de lazer e não somente caminhada, contemplação das belezas naturais e dos sítios arqueológicos.
Se as pessoas não usam, os vândalos tomam conta avalia a diretora.