Delicadeza em meio ao movimento

Casa em enxaimel já foi ponto para usuários de drogas e hoje é uma clínica de ultrassonografia

Quem circula pela movimentada rua Blumenau não deixa de se espantar ao notar uma delicada casa em enxaimel que quase invade a calçada. Construída no tempo em que a região não era comercial, a edificação de número 26 recebe cuidados especiais desde que foi comprada para abrigar a clínica de ultrassonografia Ultramater.

Imóvel é protegido por uma cerca de vidro

O visual agradável de casinha típica alemã, com pequeno jardim na fachada e sutilmente protegida com muro de vidro, nem sempre marcou aquele endereço. Antes de ser comprado pelo médico Rafaeli Roberto Sfendrych, há oito anos, o imóvel era ponto de encontro de usuários de drogas e corria grandes riscos de desabamento.

Casa corria risco de desabamento em 2006

A transformação do espaço aconteceu por ideia dos arquitetos Rodrigo Borges e Hector Hugo Robles, que incentivaram o proprietário a recuperar a construção antiga, na época em fase de tombamento pelo município, e incluí-la nos planos da nova clínica, motivo pelo qual Rafaeli comprar o terreno.

Parte da pintura original da casa foi mantida

A casa em enxaimel foi praticamente remontada durante o processo de recuperação, que durou dois anos. A estrutura estava pendendo e as paredes internas haviam sido cobertas com cerâmica, escondendo os detalhes do traçado em madeira, característica principal da técnica construtiva. A restauração foi executada pela Adobe Engenharia, que assina a recuperação de outras duas casas em enxaimel em Joinville, uma na rua Criciúma e outra na Araranguá.

Detalhe interno mostra a diferença do prédio novo, com vidros, para o enxaimel

Como a clínica precisava de mais espaço, um anexo foi construído para dividir as instalações com a casa antiga. Enquanto o patrimônio passa a servir de recepção e administrativo, a nova obra, ao fundo, abriga as salas de exames e consultórios em quatro pavimentos, sem se sobressair ao que deve ter maior importância no terreno.

—O anexo é como uma caixa de vidro, que reflete a casa, por isso passa quase despercebido —explica o arquiteto Rodrigo Borges, que acredita que a casa em enxaimel seja uma das mais antigas da região central da cidade.