A família Koehntopp guarda fragmentos de diferentes períodos da Liga. O mais importante, talvez, é o projeto do atual prédio elaborado pelo pai de Nelson Koehntopp, em 1936. O documento hoje é preservado pelo neto, Roberto Borges Koehntopp, já na terceira geração de sócios da sociedade.
A memória da família é farta. Além de assinar a reconstrução material da sociedade, suas gerações compartilham histórias de convivência naquele espaço. Nelson, hoje com 79 anos, é do tempo em que o Cine Rex ocupava o salão principal do imóvel. As projeções atraíam grande público pela qualidade, segundo ele, superior à do Cine Palácio, principal concorrente da época. Enquanto houve filmes sendo exibidos, os grandes bailes deixaram o salão principal e só voltaram quando a Liga conseguiu reaver o espaço, arrendado por anos para o cinema.
De acordo com Nelson Koehntopp, em meados do século 20, os bailes em 7 de setembro, data de fundação da sociedade, eram os mais requisitados, junto com os promovidos pela Sociedade de Amigos do Caxias (SAC), que costumavam trazer orquestras para animar o público nos anos 1970. A banda começava a tocar as valsas às 20 horas e atravessava a madrugada, por isso era comum haver uma sala somente para as refeições.
Não havia venda antecipadas de mesas, então as pessoas formavam filas em frente à Liga para conseguir lugar no baile. As famílias se revezavam na espera lembra Nelson.
Para Roberto, 54 anos, são os bailes de Carnaval que mais remetem sua história à antiga Liga. Ele participou das festas em meio aos confetes e serpentinas entre as décadas de 1970 e 1980.
O baile de Carnaval chegava a reunir mais de três mil pessoas. As portas de segurança eram abertas e os foliões podiam ficar também do lado de fora. Só havia um grande ventilador para refrescar a pista recorda o vice-presidente da Liga.
Sócio ilustreVictor Kursancew não precisava de muitos passos para fazer uma das coisas de que mais gostava nos fins de tarde: conversar com os amigos e tomar uma cervejinha. A boemia levava o artista plástico ao caminho da Liga quase todos os dias. Morando na mesma rua da sociedade, não havia opção melhor.
Meu pai podia ser visto na Dietrich (famosa confeitaria entre a rua Princesa Isabel e a rua do Príncipe) ou na Liga, sempre rodeado de amigos conta a filha Helene.
Além de frequentador, Victor que empresta o nome à Galeria Municipal de Arte da Casa da Cultura de Joinville - chegou a assinar cenários, pintados em enormes panos fixados atrás do palco, para espetáculos teatrais que aportaram vez ou outra no salão da rua Jaguaruna.
A primeira herdeira entre oito filhos do russo, que chegou ao Brasil em 1949 e em 1952 escolheu Joinville para viver, ainda guarda o título de sócio do pai. O documento de número 350 foi assinado em 1975 e fixa o valor do título em Cr$ 1.000. Com o falecimento de Victor, em 1980, o título da Liga passou para o marido de Helene.
Vizinha à sociedade, a casa do artista continua pertencendo à família. A viúva de Victor, Marianne, 92 anos, ainda vive no lugar. Helene afirma que todos os filhos de Victor guardam lembranças do auge da Liga de Sociedades.
Lembro de fazer aulas de dança naquele espaço nos anos 1960. Era muito divertido, todos os alunos se conheciam e estavam ali porque queriam ficar mais desinibidos no salão conta Helene.