Boate, abrigo de jogos, cinema, festas de chope, Carnaval, Fenatiro, exposição de flores. Não importa a lembrança que se tenha da Liga de Sociedades de Joinville ou Liga da Sociedade Joinvilense ela será sempre múltipla. O prédio da rua Jaguaruna realmente já foi palco de quase tudo (até de uma pista de gelo para patinação) e, como um camaleão, continua fazendo a sua parte na arte de atender à cultura e ao entretenimento. Hoje, são os shows os responsáveis pela maior motivação para a visita ao imóvel septuagenário.
Mesmo na carência de um grande teatro em Joinville, houve um tempo, entre a década de 1990 e não muito longe, que a Liga se tornou um local quase esquecido. A movimentação voltou após uma grande reforma e a parceria com uma produtora. A partir de 2011, o local voltou a receber atrações e nomes nacionais, como Ney Matogrosso, Maria Rita, Milton Nascimento, Djavan e Nando Reis, que fizeram a cidade reviver um momento épico da agenda musical.
A Liga é um dos poucos lugares da cidade que possui um palco interessante, com boa acústica e é viável para a realização de shows constata o produtor cultural Luciano Cavichiolli, produtor cultural da Studio Produções.
Primeiro Palácio dos Esportes de Joinville, casa da primeira transmissão radiofônica da cidade (1927), primeiro cinema da região (1929) e palco da primeira apresentação de Roberto Carlos na cidade (década de 1960). São tantos "primeiros" que fica difícil não deixar passar em branco alguns dos títulos. Ainda mais que, anterior à construção do prédio atual, o endereço ainda foi salão de bailes desde o século 19.
Este espaço é uma referência para a área cultural da cidade. Ele se adaptou a diferentes gerações, sempre com o mesmo objetivo argumenta o historiador Bruno Silva, da Fundação Cultural de Joinville.
Hoje, poucos são os sócios que mantêm em dia o pagamento da mensalidade de R$ 30, o que fez com que a diretoria procurasse parceria com a Studio Produções, de Cavichiolli, para a realização de shows e, em troca, a manutenção do espaço. Segundo Flávio Piazera, na presidência da casa há 21 anos, os bailes que fizeram o reconhecimento do local e que continuam sendo motivo de boas recordações estão fora dos planos da diretoria.
Hoje, os custos seriam altos para fazer um evento. Além do mais, são necessárias muitas autorizações justifica.
A Liga de Sociedades já contou com mais de 1,4 mil sócios. Hoje, esse número não passa de 40. E menor ainda é a quantidade de pessoas que procuram o clube para se associar.
Quanto valeria o título da Liga hoje? Não saberíamos responder se questiona o vice-presidente da Liga, Roberto Koehntopp, sobre a dificuldade de se definir um valor em meio ao patrimônio e ao número atual de sócios, que ainda se reúnem esporadicamente na Taberna, como é chamado o bar que fica em um dos porões do imóvel.
O salão principal da Liga não é o único ambiente de convivência do prédio. Outros três espaços poderiam estar abertos ao público se houvesse recursos suficientes para uma grande reforma. Cavichiolli vê nos salões que já abrigaram restaurante e a antiga Boate Vagão uma oportunidade de ampliar as opções culturais da cidade. As três salas estão fechadas e sem uso há anos. O acesso a elas é quase impossível devido ao mau estado de conservação.
Uma saída seria aproveitar o tombamento do prédio processo que está entre as prioridades do setor de patrimônio histórico da Fundação Cultural de Joinville para buscar recursos junto a editais públicos, já que os gastos da recuperação passariam de R$ 1 milhão.
Estes espaços poderiam se tornar um centro cultural, com cineclube, café e continuar servindo ao lazer sonha o produtor.