A restauração de patrimônios construídos a partir da técnica enxaimel pode ser um processo complexo. A arquiteta e urbanista do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Cristiane Galhardo Biazin explica que, por causa da madeira usada no sistema estrutural, os reparos e substituições dessas peças envolvem uma série de medidas para que se possa executar a recuperação com segurança. Outra dificuldade apontada pela arquiteta é em relação à matéria-prima.
A maioria das madeiras utilizadas à época das construções em enxaimel têm seu corte proibido. Também é difícil encontrar no mercado peças em madeira com as bitolas utilizadas antigamente. Os tijolos, apesar dos tamanhos comerciais serem diferentes, sempre é possível encontrar uma olaria que se disponha a fazer nos tamanhos necessários à restauração afirma ela.
A madeira de boa qualidade e os tijolos garantem durabilidade a essas construções, contudo, é necessário manutenção principalmente na cobertura destas construções. Segundo Cristiane, o ideal é que sejam feitos reparos assim que detectado o problema, substituindo-se sempre os elementos pelo mesmo material. Porém, antes, é importante consultar os órgãos responsáveis pela preservação. Em Joinville, a Fundação Cultural tem um setor de patrimônio cultural que dá estas orientações gratuitamente.
As coberturas, certamente, são mais propensas a problemas, tendo em vista a exposição à umidade advinda, muitas vezes, da falta de manutenção do telhado (telhas deslocadas, quebradas ou ausentes). Ocorre o mesmo com os barrotes (estruturas que apoiam o assoalho), que normalmente estão expostas à umidade do solo explica Cristiane.
O sobrado na rua Araranguá, a casa que invade a calçada na rua Criciúma e a herança colonizadora da bucólica Estrada do Pico são alguns exemplos de enxaimeis de donos que hoje podem respirar aliviados, pois têm a chance de ver seus patrimônio durar por mais alguns anos. A restauração chegou a estes imóveis entre 2007 e 2013.
A Casa Fleith, na zona rural de Joinville, é um dos casos mais antigos de espera por recuperação. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o imóvel chegou a ser desocupado pela família devido ao mau estado de conservação e os donos aguardavam pela concretização de uma promessa feita em 2002. Felizmente, a construção começou a passar pelo restauro em 2012, com investimentos do Iphan. Foram gastos R$ 390 mil para recuperar a casa em um período de dez meses.
O Mecenato do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec) também financiou a restauração de duas casas enxaimel que ameaçavam cair. Desde 2007, o proprietário do sobrado na rua Araranguá inscreve projetos buscando financiamento para as etapas de recuperação do imóvel de 1909, construído pela família Schmidt. As obras iniciaram somente em 2011, depois de quatros editais aprovados, e foram finalizadas em setembro do ano passado.
De propriedade da família Lienstadt desde 1945, a casa do bairro América com mais de cem anos destoa não só pelo enxaimel de tijolos encobertos, mas também por estar muito próxima ao meio-fio. A recuperação do imóvel que estava prestes a cair também só foi possível com recursos do Simdec. A obra foi realizada entre 2011 e 2012.
Mantenha os materiais originais o máximo possível. Quando houver a necessidade de reparos, é imprescindível que se utilizem materiais iguais aos originais, ou o mais similar possível, a fim de preservar seu valor enquanto Patrimônio Cultural.
Mantenha sempre uma boa ventilação, abrindo periodicamente as portas e janelas. Isto evita aparecimento de umidade;
Mantenha os cômodos limpos.
Lembre-se que umidade, sujeira, poeira, acúmulo de materiais e falta de ventilação favorecem aparecimento de danos.
Não faça nenhuma alteração estrutural ou de planta sem antes consultar os órgãos competentes. Qualquer intervenção deve ser previamente autorizada.