Diário Catarinense - Qual é o impacto dos atrasos da obra de duplicação da BR-101 Sul para a economia de Santa Catarina?
Glauco José Côrte - O custo de logística em Santa Catarina é muito alto e um dos fatores que contribui para isso são as condições da infraestrutura física. Sobretudo das rodovias. Nós não temos modal ferroviário, então todo o nosso transporte se concentra em rodovias – do centro produtor para o centro consumidor. E a BR-101 é um eixo de ligação dos demais Estados do país com a região Sul do Brasil e de integração do nosso país com o Mercosul. É estratégica para portos e aeroportos. Como temos problemas de infraestrutura, o custo com logística no nosso Estado é maior do que no Paraná e Rio Grande do Sul. E isso nos deixa menos competitivos.
DC - O trecho de Morro dos Cavalos é o único ainda sem licença para iniciar as obras, o que não permite prever prazo de conclusão da rodovia. Esta incerteza gera prejuízos?
Côrte - Compromete o desempenho econômico do Estado. Santa Catarina deixa de atrair novos investimentos, o que gera impacto em emprego e renda. Poderíamos estar mais confortáveis. O produtor não consegue calcular quanto tempo vai levar o transporte de uma carga do sul para o norte do Estado ou do país porque as obras estão atrasadas e isso gera longas filas. Isso encarece muito o custo com a logística. Os seguros aqui no Estado, de caminhões e automóveis, também são mais elevados do que em outros Estados. E justamente por esta condição. Nós fizemos uma pesquisa na Polícia Rodoviária Federal e vimos que nos últimos 16 meses foram mais de 200 acidentes só no trecho de Morro dos Cavalos. Esse túnel está para sair do papel há mais de 10 anos. E as perspectivas não são boas, o edital para a concorrência desta licitação estava previsto para o primeiro semestre de 2013, nós já estamos no segundo semestre de 2014 e nada.
DC - A situação é pior nos municípios do Sul?
Côrte - Uma das características de Santa Catarina é o equilíbrio econômico entre as regiões. Mas esse atraso todo nas obras de duplicação fez a metade sul perder o equilíbrio. Foram mais de R$ 30 bilhões em perdas. Os municípios do Sul tiveram desempenho inferior à média do Estado. O porto de Imbituba só começou a receber investimentos depois que as obras da BR-101 avançaram e o aeroporto de Jaguaruna a mesma coisa.