Denúncias de má gestão

Relatos de problemas de gestão

Múcio Brandão Madureira e Hedwig Faes, consultor que diz ter sido contratado pela Glória em 2010 para apurar a situação financeira das holdings, apontam supostas irregularidades relacionadas à administração da empresa

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rande parte das denúncias de uma suposta má gestão (leia mais abaixo) envolvendo o nome da Glória citadas pelo ex-sócio Múcio Brandão Madureira parte de um ex-funcionário: Hedwig Faes. Natural da Bélgica, Faes é consultor empresarial e diz que foi chamado para atuar na empresa por três anos, entre 2010 e 2012. O contrato, entretanto, teria sido rescindido um ano antes do inicialmente previsto, em 2011.

 

Faes conta que foi contratado após uma assembleia entre todos os antigos sócios da Glória para apurar por que três das quatro holdings não estariam recebendo os lucros da sociedade. A demissão precoce teria ocorrido após o consultor apresentar um balanço das finanças da empresa que apontava uma arrecadação acima do normal com o valor da tarifa. Em 2010, a passagem de ônibus em Blumenau oscilou três vezes. No dia 19 de fevereiro, custava R$ 2,55 após sofrer um reajuste. Uma semana depois, após uma liminar concedida pelo juiz Osmar Tomazoni, voltou a custar R$ 2,30. Já no dia 4 de setembro, depois da conclusão da auditoria nas planilhas de cálculo do Siga, a tarifa foi fixada em R$ 2,57.

 

Os resultados do estudo que Faes supostamente fez não teriam, de acordo com ele, agradado a família Sackl, que rescindiu seu contrato e encerrou os serviços dele dentro da empresa.

 

– O que eu queria era mostrar tudo aquilo (os resultados) para os outros sócios. Pedi que me explicassem para onde todo aquele dinheiro tinha ido. Como resultado fui praticamente expulso da Glória – lembra.

 

Faes afirma que a indenização por quebra de contrato foi parcelada.

 

O relato do consultor, que usa a oscilação da tarifa para justificar que a Glória teria condições de ter uma suposta estabilidade financeira, casa com o de Alexandro Maba, advogado de Múcio. Ele defende que, antes da venda, em 2013, a empresa não sofria com suspensões no serviço motivada por atrasos nos salários.

 

– Os funcionários recebiam em dia, era depositado o fundo de garantia e o INSS, mas depois que ele (José Eustáquio Ribeiro de Urzedo) assumiu (em 2013) não foi pago mais nada – diz Maba.

 

No entanto, o Santa já noticiava, em 2012, que o fundo de garantia dos trabalhadores da Glória não era mais depositado. Na época, a cidade também já sofria com as paralisações do serviço por falta de pagamento aos trabalhadores.

 

Maba ressalta ainda que apurou, em suas pesquisas, que antes de José Eustáquio assumir o comando da Glória a empresa tinha cinco protestos, resultado de cheques sem fundos e pendências financeiras, e agora esse número subiu para 350. De acordo com Antônio Carlos Marchiori, advogado da companhia, os protestos já foram quitados.

“Ele era apenas um funcionário terceirizado”

O advogado da Glória e do Consórcio Siga, Antônio Carlos Marchiori, diz que inúmeros profissionais já passaram pela administração da Glória e que Hedwig Faes foi apenas mais um. Segundo ele, a decisão de contratar administradores através de empresas terceirizadas foi consensual. Como cada holding da empresa atuava em um segmento ligado ao setor de transporte público (como administração e locação de imóveis e veículos, assessoria e consultoria de recursos humanos, processamento de dados e manutenção) e havia muitos sócios envolvidos, os desentendimentos entre eles eram constantes. Marchiori explica que o consultor era um funcionário terceirizado.

 

Outro fato que chama a atenção é que, mesmo estando fora da rotina da Glória há um ano, Múcio Brandão Madureira ainda consegue informações sobre o que o seu advogado, Alexandro Maba, e Hedwig Faes chamam de irregularidades. Segundo Maba, seu cliente teria acesso a detalhes internos por conta dos amigos que fez dentro da empresa, chamados de informantes.

 

Esses informantes, segundo Maba, relatam a dificuldade da Glória para conseguir comprar combustível e pagar pneus e irregularidades na compra de 83 ônibus vindos de São Paulo, além do suposto atraso com a documentação desses veículos e títulos protestados.

Reportagem: 
Larissa Neumann
Edição: Pedro Machado Imagens: Patrick Rodrigues
Design e desenvolvimento:
Arivaldo Hermes

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