Enquanto as tropas israelenses continuam sua retirada gradual depois do cessar-fogo anunciado durante o fim de semana, as forças policiais do movimento islâmico palestino Hamas retomaram o controle na Faixa de Gaza, nesta segunda-feira.

Agentes da Polícia do Hamas , que foram alvo das forças israelenses durante as últimas três semanas, retornaram às ruas principais da Cidade de Gaza, onde tentavam organizar o trânsito. Após semanas de reclusão, as ruas de Gaza estão repletas de pessoas que finalmente puderam sair para avaliar os prejuízos, visitar familiares e começar a retornar à normalidade.

Equipes de resgate encontraram os corpos de 10 pessoas soterradas pelos escombros de edifícios destruídos durante a ofensiva israelense. Quatro estavam no leste da cidade de Jabalya (norte de Gaza) e outros seis em Beit Lahia e nos bairros de Tufah e Zeitun, na Cidade de Gaza. Com isto, o número de mortos nos 22 dias de ofensiva israelense subiu para 1.310, dos quais 420 são crianças e adolescentes, segundo o chefe dos serviços de emergência do Hamas em Gaza, Moawiya Hasanein. O número total de feridos chegou a 5.500. Do lado israelense, ao menos 14 pessoas morreram.

Hasanein disse que equipes médicas trabalham para encontrar sobreviventes que possam estar sob os restos de imóveis derruídos.

O Ministério da Habitação do Hamas em Gaza indicou que durante a ofensiva israelense 4 mil casas foram totalmente destruídas e que mais de 20 mil sofreram algum tipo de danos, e estimou as perdas materiais em mais de US$ 1,5 bilhões.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, anunciou o envio de uma comissão especial a Gaza nesta semana para avaliar a situação humanitária. Em discurso na abertura da Cúpula Econômica árabe do Kuwait, o secretário afirmou que "Israel deveria terminar sua atuação nos territórios árabes ocupados em 1967", em referência à Cisjordânia, a Gaza e as Colinas do Golã. Além disso, Ban Ki-Moon pediu aos palestinos para formar um novo governo dirigido pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, para que, como "legítima autoridade", assuma suas responsabilidades. O governo da ANP em Gaza foi tomado à força pela Hamas em junho em 2007.

Segundo testemunhas, apesar da trégua, soldados israelenses e milicianos palestinos trocaram tiros nesta manhã no oeste e no norte da Faixa de Gaza. Moradores da zona litorânea ao norte da Cidade de Gaza denunciaram que navios de guerra israelenses dispararam contra eles, sem deixar feridos.

Tropas israelenses enfrentaram também milicianos das Brigadas do Hezbollah na Palestina e da Frente Popular para a Libertação da Palestina (PFLP). Esses grupos não aderiram ao cessar-fogo dos demais movimentos armados, e disseram que não deixarão de lutar até que Israel abandone Gaza.

Além da polícia, os ministérios e instituições públicas começaram também a voltar ao trabalho.

— Apesar de o ministro do Interior, Said Siam, ter sido assassinado durante a guerra, o ministério continua seu trabalho com base em um plano de segurança que ele aprovou — disse aos jornalistas Ihab al-Ghusein, porta-voz desse Ministério em Gaza.

O Interior trabalhará para manter e proteger a frente interna palestina, porque isso ajudará a apoiar a resistência armada contra as agressões.

Mesmo com o grande número de mortos e a destruição da infra-estrutura de Gaza, líderes do Hamas continuaram "cantando vitória" sobre Israel nesta segunda.

— O inimigo fracassou em atingir seus objetivos — disse o líder máximo do Hamas em Gaza, Ismael Haniyeh, que em entrevista na televisão considerou o cessar-fogo um "triunfo" que "tem que abrir uma porta para o diálogo e a reconciliação interna".

O Hamas afirmou que perdeu apenas 48 combatentes durante as três semanas da ofensiva e Israel afirma ter matado mais de 500 ativistas .

Informações da agência EFE e do site G1.

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