De uma paisagem lunar para um recanto de preservação, a área rural degradada de Rincão Gaia, fundada no Sul do país pelo engenheiro agrônomo José Lutzenberger, virou um exemplo sustentabilidade e convívio entre o homem e o meio ambiente.

O centro de educação ambiental foi idealizado por Lutzenberger, que trabalhou muito tempo para empresas que produzem adubos químicos e resolveu abandonar a carreira para denunciar o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras.

Durante o governo Collor, ele foi secretário-especial do Meio Ambiente e teve papel importante na demarcação das terras indígenas e na decisão do Brasil de abandonar a bomba atômica. Lutz, como era conhecido na intimidade, morreu em 2002, aos 75 anos.

Além do legado, Lutzenberger deixou também a propriedade de 30 hectares em Pantano Grande, a 120 km de Porto Alegre (RS). Quando foi descoberta, nos anos 80, era uma grande pedreira, usada para a construção de uma rodovia. Segundo sua filha Lilly, "ficou uma paisagem lunar, totalmente degradada. Não tinha mais nada, era terra, pedra, pó". Atualmente, a paisagem é bem outra.

– O Lutzenberger tem muita lenda e muita verdade junto. Contam que ele ainda estava analisando o local, pra ver o que ia fazer por aqui. Um dia começou a chover e ele gritou pra todo mundo: vistam suas capas e vamos ver por onde as águas correm – relata a guia turística Tania Kowarik.

As águas ajudaram a formar um lago e tudo o que se desenvolveu ao redor dele: plantas típicas de ambientes áridos. O professor Mauro Klafke diz que ficou impressionado com o respeito com a natureza, com as plantas e com os animais.
 
O Rincão Gaia foi inaugurado há mais de duas décadas e a antiga pedreira mostrou sinais de recuperação logo nos primeiros anos. O lago se encheu de peixes, sem nenhuma interferência humana.