Um estudo detalhado sobre a cana-de-açúcar no Brasil está sendo realizado por diversos especialistas e deve ser concluído entre agosto e setembro desta ano. A base dos dados são as projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. Os pesquisadores trabalham com a estimativa de aumento de até três graus na temperatura até 2050 e, por esta projeção, Santa Catarina e Rio Grande do Sul vão passar a produzir cana.

Nem os especialistas em clima tem a resposta para a dimensão do impacto do aquecimento global na agricultura brasileira. A conclusão do levantamento detalhado está sendo feito pela Embrapa e pela Universidade de Campinas (Unicamp), em São Paulo. Por enquanto, o que os pesquisadores sabem é que, surpreendentemente, nem todas as culturas vão ser prejudicadas.

O professor Hilton Silveira Pinto, doutor em meteorologia e climatologia agrícola, possui centenas de mapas e dados sobre a influência do clima nas culturas agrícolas. Desde o fim do ano passado, ele e outros 60 doutores brasileiros estão trabalhando em projetos sobre os impactos das mudanças climáticas na produção do Brasil, entre elas a cana-de-açúcar.

De acordo com diversos mapas, São Paulo produzirá ainda mais. No Estado, de 153 toneladas por hectare, como é hoje, o número poderá subir para 178 toneladas por hectare com os três graus a mais, como previsto.

Trata-se daquilo que se pode chamar do "lado bom" do aquecimento global. A cana-de-açúcar vai ser beneficiada, podendo ser plantada no Sul, porque a ocorrência de geadas vai ser menor.

Agora, os especialistas dão um alerta: para saber como vai ficar o mapa da produção no Brasil, é preciso considerar a qualidade do solo e as limitações de plantio, como as áreas de preservação permanente. Essas informaçoes são fundamentais, inclusive, para a imagem o Brasil no exterior.