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 | 06/06/2008 21h46min

Especial: aquecimento global deve afetar também a hortifruticultura nacional

Série de reportagens do Canal Rural discute os efeitos das mudanças climáticas na agricultura

Sebastião Garcia  |  reportagem@canalrural.com.br

Especialistas em clima e economia afirmam que não serão somente as grandes produções agrícolas as afetadas com o aquecimento global. No caso do Brasil, um grande produtor de alimentos, a agricultura familiar também vai sofrer reflexos. Produções de frutas e hortaliças, por exemplo, podem ter o calendário de plantio alterado, de acordo com o relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (USP).

Os produtores Janderson Antônio da Silva e seu irmão Juarez plantam cebola em dois hectares e tiram até 60 toneladas a cada safra, que ocorre duas vezes por ano. Este ano, o produto foi plantado 15 dias antes do que eles estavam acostumados e, por isso, tiveram que antecipar o calendário pra não perdê-lo.

Os produtores vão ter que se preparar melhor daqui pra frente se quiserem mesmo continuar no campo com este tipo de produção. De acordo com especialistas, eles terão que investir mais, pois, como os períodos de seca devem ser maiores na região, eles terão que instalar um bom sistema de irrigação e de reserva de água no local.

Além disso, será necessário plantar variedades mais resistentes ao calor, o que não deve demorar muito no Brasil. No Nordeste, os produtores já estão sentindo os efeitos do novo clima. Na região do Vale do São Francisco, um grande produtor, a oferta de cebola caiu nos últimos dois anos por causa da seca ainda mais rigorosa na época de plantio, o que representa um problema pro mercado nacional.

Estudo sobre impactos na hortifruticultura

A conclusão é da analista de mercado Mônica Georgino, que durante dois meses trabalhou num estudo sobre os impactos do aquecimento global na hortifruticultura brasileira. Ela avaliou a situação de nove culturas: cebola, tomate, batata, uva, mamão, melão, banana, manga e citrus.

A analista diz que a queda de produção de cebola do Nordeste obrigou o mercado brasileiro a importar até 12 mil toneladas a mais no mês de março passado. Seu estudo foi feito sobre as regiões produtoras do Norte, Sul, Nordeste e Centro-Oeste.

Regiões

No Norte, a floresta amazônica poderá virar um cerrado e deve chover menos. Como conseqüência, a produção de frutas pode ser inviabilizada, até porque o investimento em tecnologia para o setor é menor naquela região que em outras do país.

No Centro-Oeste, as chuvas vão se concentrar no verão e o período de seca deve ser maior. Com isso, os produtores vão ter que investir em irrigação e em variedades mais resistentes.

O Nordeste, por sua vez, terá um clima que pode passar de semi-arido para árido, por conta da falta de água. O resultado é a alteração no ciclo de desenvolvimento das plantas nos calendários de plantio.

Já na região Sul, os dias serão mais quentes, haverá mais temporais e o inverno mais curto fará com que o produtor mude o calendário de plantio e colheita, além de investir em variedades mais tolerantes às mudanças do clima. Também será necessário desembolsar mais para construir estruturas de armazenagem que resistam aos ventos fortes, que vão ser mais freqüentes.

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