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 | 12/07/2011 16h47min

Novo ministro dos Transportes promete "troca de pessoas" e "modificações em processos"

Paulo Sérgio Passos foi oficializado ontem no cargo pela presidente Dilma Rousseff

Atualizada às 18h58min

O novo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, afirmou nesta terça-feira que não descarta fazer ajustes na pasta que assumiu oficialmente ontem. No entanto, para isso, ele alega que depende do aval da presidente Dilma Rousseff e não quis detalhar quais mudanças serão feitas.

— Fazer ajustes significa tomar todas as atitudes que sejam necessárias e isso envolve naturalmente troca de pessoas e modificações em processos — afirmou.

Passos afirmou que se sente honrado por ter sido escolhido pela presidente Dilma, porém, disse que "esse não é o melhor momento" para estar na função. Passos também não confirmou se o diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, continuaria no cargo. Em depoimento no Senado nesta terça, Pagot negou ter conhecimento de irregularidades.

— No momento ele (Pagot) está de férias. Ainda não conversei com a presidenta para avaliar qual sua decisão sobre a direção geral do Dnit.

Segundo Passos, Pagot é um "profissional responsável e dedicado" às tarefas do Dnit.

— Não tenho nenhum registro que possa depor contra ele — acrescentou.

Em relação aos processos de gestão, Passos adiantou que pretende fazer mudanças nas contratações de obras de transportes, com a licitação a partir de projetos executivos e não mais com base nos projetos básicos, como ocorre atualmente. Os projetos executivos são mais detalhados, inclusive em relação ao orçamento das obras.

— Queremos licitar projetos detalhados e de boa qualidade, que poderão ser executados sem surpresas — disse o ministro.

Outra mudança poderá ser a adoção do modelo de contratação por empreitada global, que reduz a necessidade de contratos aditivos ao longo da obra.

Desde a semana passada, Passos vinha substituindo Alfredo Nascimento (PR-AM), afastado depois de denúncias de corrupção nos Transportes. Para o lugar de Nascimento a presidente chamou o senador Blairo Maggi (PR-MT), mas ele não aceitou o convite. O preferido da presidente passou a ser Paulo Sérgio Passos. Mas, por problemas com o PR, principalmente com a bancada de deputados, Dilma teve de esperar o partido se acalmar.

Para isso, ela começou a fazer afagos no PR e, principalmente, no senador Blairo Maggi, padrinho de Luiz Antonio Pagot, diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que deve ser demitido depois das férias, em agosto, conforme já avisou reservadamente a presidente.

Nesse período, Dilma agiu para se reaproximar do PR e do senador Blairo Maggi, que acabou por ajudá-la a convencer Pagot a fazer apenas um depoimento técnico no Senado, hoje, sem apontar o dedo para ninguém.

Em mais uma tentativa de evitar brigas com a base aliada, agora que conseguiu domar o PR, a presidente Dilma marcou para amanhã um "happy hour" com os líderes dos partidos que formam a coalizão de governo no Congresso. O encontro ocorrerá no Palácio da Alvorada.

Entenda o caso:

— Na primeira semana de julho, reportagem publicada pela revista Veja revela o funcionamento de um suposto esquema no Ministério dos Transportes baseado na cobrança de propinas de 4% das empreiteiras e de 5% das empresas de consultoria que elaboram os projetos de obras em rodovias e ferrovias.

— Em decorrência da denúncia, são afastados de seus cargos o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, o presidente da Valec Engenharia, José Francisco das Neves, o chefe de gabinete do Ministério, Mauro Barbosa Silva, e o assessor Luís Tito Bonvini.

— No dia 4 de julho, a presidente Dilma Rousseff manifestou apoio a Alfredo Nascimento e confirmou sua permanência no Ministério dos Transportes. No mesmo dia, a presidente determina que a Controladoria-Geral da União (CGU) faça uma análise minuciosa em todas as licitações, contratos e execuções de obras que deram origem às denúncias.

— Em 5 de julho, o Ministério dos Transportes instala uma Comissão de Sindicância Investigativa para apurar as supostas irregularidades. O ministro Alfredo Nascimento, no entanto, não escapa de uma convocação para prestar esclarecimentos no Senado, aprovada pela Comissão de Meio Ambiente.

— Ainda em 5 de julho, Alfredo Nascimento, determina a suspensão de todas as licitações em curso tanto do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) quanto da Valec, órgãos alvos de denúncias de corrupção.

— No dia 6 de julho, novas denúncias agravam a situação do ministro. Reportagem publicada pelo jornal O Globo, revela que a empresa do filho de Nascimento, o arquiteto Gustavo Morais Pereira, de 27 anos, juntou mais de R$ 50 milhões nos dois anos que se seguiram à sua criação — um crescimento de 86.500%. O Ministério Público Federal apura se houve conflito de interesse nas decisões do ministério chefiado por Nascimento e os benefícios pagos à empresa que negociou com o filho do ministro.

— A revista IstoÉ publica em seu site, também no dia 6 de julho, um vídeo em que mostra o ministro dos Transportes e o principal dirigente do PR, o deputado Valdemar Costa Neto, negociando dinheiro público para atrair deputados ao partido. No mesmo dia, Nascimento anuncia seu pedido de demissão.

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