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 | 06/07/2011 19h28min

Com saída de Nascimento, ministério de Dilma sofre a segunda perda em menos de um mês

Em junho, o então ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci também pediu demissão

A queda do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), é o segundo desfalque em menos de um mês no ministério da presidente Dilma Rousseff. Em 7 de junho, o então ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci (PT), anunciou seu afastamento, frente à denúncias do jornal Folha de S. Paulo de que seu patrimônio aumentou em 20 vezes entre 2006 e 2010, quando era deputado federal do PT pelo estado de São Paulo.

Em seis meses de governo, a presidente Dilma fez quatro alterações no primeiro escalão. As perdas de Palocci e Nascimento ocorreram em meio a suspeitas de corrupção. Com a queda do ministro-chefe da Casa Civil, a presidente teve de fazer ajustes na articulação política e encontrar um substituto para tocar adiante as conversas com deputados, senadores, governadores e prefeitos.

A presidente, então, remanejou o ministro Luiz Sérgio, da Secretaria de Relações Institucionais para a pasta da Pesca. Em troca, a ministra Ideli Salvatti, que ocupava a pasta da Pesca, assumiu a de Relações Institucionais.

Resta agora à presidente definir um substituto para Nascimento. Dilma Rousseff tenta convencer a cúpula do PR a aceitar a indicação do ex-ministro Paulo Sérgio Passos, atual secretário executivo da Pasta, para voltar a ocupar a cadeira. Além de ser uma solução técnica, seria uma forma de prestigiar o próprio Nascimento que, quando se afastou do ministério para a campanha eleitoral em 2010, deixou Passos em seu lugar.

Confira abaixo os fatos que levaram às duas primeiras quedas no ministério de Dilma:


>>> Alfredo Nascimento


Foto: Renato Araujo, Agência Brasil

— Na primeira semana de julho, reportagem publicada pela revista Veja revela o funcionamento de um suposto esquema no Ministério dos Transportes baseado na cobrança de propinas de 4% das empreiteiras e de 5% das empresas de consultoria que elaboram os projetos de obras em rodovias e ferrovias.

— Em decorrência da denúncia, são afastados de seus cargos o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, o presidente da Valec Engenharia, José Francisco das Neves, o chefe de gabinete do Ministério, Mauro Barbosa Silva, e o assessor Luís Tito Bonvini.

— No dia 4 de julho, a presidente Dilma Rousseff manifestou apoio a Alfredo Nascimento e confirmou sua permanência no Ministério dos Transportes. No mesmo dia, a presidente determina que a Controladoria-Geral da União (CGU) faça uma análise minuciosa em todas as licitações, contratos e execuções de obras que deram origem às denúncias.

— Em 5 de julho, o Ministério dos Transportes instala uma Comissão de Sindicância Investigativa para apurar as supostas irregularidades. O ministro Alfredo Nascimento, no entanto, não escapa de uma convocação para prestar esclarecimentos no Senado, aprovada pela Comissão de Meio Ambiente.

— Ainda em 5 de julho, Alfredo Nascimento, determina a suspensão de todas as licitações em curso tanto do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) quanto da Valec, órgãos alvos de denúncias de corrupção.

— No dia 6 de julho, novas denúncias agravam a situação do ministro. Reportagem publicada pelo jornal O Globo, revela que a empresa do filho de Nascimento, o arquiteto Gustavo Morais Pereira, de 27 anos, juntou mais de R$ 50 milhões nos dois anos que se seguiram à sua criação — um crescimento de 86.500%. O Ministério Público Federal apura se houve conflito de interesse nas decisões do ministério chefiado por Nascimento e os benefícios pagos à empresa que negociou com o filho do ministro.

— A revista IstoÉ publica em seu site, também no dia 6 de julho, um vídeo em que mostra o ministro dos Transportes e o principal dirigente do PR, o deputado Valdemar Costa Neto, negociando dinheiro público para atrair deputados ao partido.

>>> Antonio Palocci


Foto: Antonio Cruz, Agência Brasil

— No dia 15 de maio, reportagem do jornal Folha de S. Paulo informa que o patrimônio de Palocci aumentou 20 vezes entre 2006 e 2010, quando era deputado federal eleito pelo PT de São Paulo.

— Dois dias após a publicação da denúncia, partidos da oposição como PPS, PSDB e DEM ingressam com pedido de investigação na Procuradoria Geral da República (PGR). No mesmo dia, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirma que não há indícios para abertura de investigação. Porém, deu prazo de 15 dias para o ministro encaminhar uma série de informações.

— Em nova reportagem no dia 21 de maio, a Folha de S. Paulo informa que Palocci teria recebido R$ 20 milhões somente em 2010, ano eleitoral, por meio da Projeto. Antonio Palocci coordenou a campanha de Dilma.

— No mesmo dia, a presidente Dilma se pronuncia pela primeira vez sobre o episódio: "Quero assegurar a vocês que o ministro Palocci está dando todas as explicações necessárias aos órgãos de controle".

— Em um cochilo do governo, a oposição consegue aprovar no dia 1° de junho na Comissão de Agricultura da Câmara um requerimento convocando Palocci a explicar sua evolução patrimonial. A convocação, realizada em meio a um tumulto, é suspensa pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). No mesmo dia, Palocci afirma ter enviado novas explicações à PGR.

— Na primeira manifestação pública, em entrevista ao Jornal Nacional, no dia 3 de junho, Palocci nega ter feito tráfico de influência. Na conversa, ele não informa para quais empresas prestava consultoria.

— Em 6 de junho, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, determina o arquivamento das representações protocoladas pela oposição pedindo a abertura de inquérito na área criminal para investigar a evolução patrimonial de Palocci.

— No dia 7 de junho, Palocci anuncia seu afastamento, comunicado em nota divulgada pela assessoria de imprensa do ex-ministro.

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