Notícias

 | 12/07/2011 10h41min

Pagot nega que Dnit tenha sido usado para obter dinheiro ao PR

Luiz Antonio Pagot refutou as acusações contra ele de superfaturamento e integração de esquema de propina

Atualizada às 19h54min

O diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte (Dnit), Luiz Antonio Pagot, refutou as acusações contra ele de superfaturamento e integração de esquema de propina.

Durante audiência pública nesta manhã nas Comissões de Infraestrutura (CI) e Fiscalização e Controle do Senado, ele também negou as acusações de que o Dnit seria usado para obter dinheiro ao PR, partido ao qual é filiado, e conseguir o apoio de parlamentares.

— O PR não utilizou Dnit para cooptar ou buscar dinheiro para seus cofres — disse.

Pagot ressaltou que existe um conselho de administração e um conjunto de diretorias que tomam decisões no Dnit, eximindo-se da responsabilidade de decidir isoladamente sobre a condução das obras.

— O Dnit é extremamente fiscalizado e controlado — defendeu.

Aparentando tranquilidade e segurança, Pagot explicou que trabalha na direção do Dnit de forma integrada com as diretorias do órgão.

— Nós apenas sugerimos, não decidimos — alegou.

Ele acrescentou que o fluxo e volume das obras exigem, ao longo da execução, a revisão do orçamento inicial do projeto.

— Em função do fluxo e volume (das obras), temos de ampliar o escopo das rodovias — justificou.

Pagot citou o exemplo das obras na BR-101 em Santa Catarina, que após as exigências para o licenciamento ambiental da obra, houve a elevação do investimento em R$ 1 bilhão.

O diretor afastado alegou que o número de fiscais é abaixo do necessário para percorrer todas as rodovias, o que dificultaria o correto acompanhamento das obras.

— Alguns tem que cuidar de 800 a 1 mil quilômetros de rodovias e obviamente algumas coisas passam desapercebidas.

Pagot nega descompostura de Dilma com Dnit:

Em resposta ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), ele negou que as cúpulas do Dnit e do Ministério dos Transportes tenham enfrentado uma "descompostura" da presidente Dilma Rousseff.

O tucano perguntou se ele confirmava a informação da Revista Veja de que Dilma tenha afirmado, em reunião com as cúpulas do Dnit e dos Transportes, que esses órgãos estavam "descontrolados" e que seus gestores "precisavam de babás". O diretor do Dnit respondeu que não acredita em "ministério descontrolado".

Pagot confirmou a reunião com a presidente, mas ressaltou que as cobranças de Dilma foram respeitosas.

— A presidente cobra de maneira veemente o que ela quer ver realizado. Esse é o estilo dela. Ela cobra tudo de forma enérgica e veemente, e exige o cumprimento fiel dos prazos — explicou.

Ele admitiu que o Dnit não conseguiu cumprir vários prazos, mas destacou que justificou cada atraso cobrado por Dilma, delimitando até onde ia a responsabilidade do órgão.

— A reunião com Dilma foi semelhante a todas aquelas no comitê gestor do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), são de intenso debate, mas sempre respeitosas — concluiu.

Defesa de Paulo Bernardo:

No depoimento, Pagot também defendeu o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, negado que Bernardo, enquanto ministro do Planejamento, tenha feito pedidos a ele para fazer aditamentos em obras do Dnit.

Declarações atribuídas a Pagot por aliados seus do PR davam conta de que o ministro teria feito pedidos ao diretor sobre obras no Paraná. Pagot tratou isso de "invencionice" e "factoide" e defendeu o ministro.

— Ele nunca me exigiu, nem pediu nada — declarou.

O diretor citou exemplo de uma obra em Maringá, no Paraná. Pagot afirmou que quem fazia pedidos sobre a obra era o prefeito, Sílvio Barros (PP), e o ex-deputado Ricardo Barros (PP), e não o ministro.

O diretor destacou que participava de reuniões com Bernardo da mesma forma como ocorreria com outros ministros dentro do âmbito do comitê gestor do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Pagot descreveu o ministro como "extremamente exigente", assim como sua esposa, Gleisi Hoffmann, atual ministra-chefe da Casa Civil.


Entenda o caso:

A reportagem publicada pela revista Veja desta semana revela o funcionamento de um suposto esquema no Ministério dos Transportes baseado na cobrança de propinas de 4% das empreiteiras e de 5% das empresas de consultoria que elaboram os projetos de obras em rodovias e ferrovias.

Em decorrência da denúncia, foram afastados, no último sábado
, de seus cargos o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, o presidente da Valec Engenharia, José Francisco das Neves, o chefe de gabinete do Ministério, Mauro Barbosa Silva, e o assessor Luís Tito Bonvini.

AGÊNCIA ESTADO E AGÊNCIA BRASIL
 
SHOPPING
  • Sem registros
Compare ofertas de produtos na Internet

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2024 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.