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Esportes  | 26/03/2011 17h13min

Escudero: "No campo, me transformo"

Argentino tenta driblar timidez para se credenciar como a melhor alternativa de Renato para o ataque ao lado de Borges

Diogo Olivier  |  diogo.olivier@zerohora.com.br


O Brasil construiu um estereótipo do argentino, e boa parte desta construção veio do futebol. É mais ou menos assim: há um pouco de Maradona em todos eles, para além da fama de talentosos e raçudos.

Eles são reclamões, catimbeiros, cabeludos, extravagantes. Se é assim, então Damian Ariel Escudero, 23 anos, esperança de combustível novo ao Grêmio que neste domingo encara o Pelotas, é o menos argentino dos argentinos que já desembarcaram na Capital.

A timidez é tanta que o pai, Osvaldo Escudero, credita a este traço da personalidade do filho um dos motivos para ele não ter cumprido a trajetória imaginada no Boca Jrs., quando foi repatriado após dois anos na Espanha.

Aqui, um parêntese.

Se Damian foi buscado pelos dirigentes do Boca para substituir ninguém menos do que Riquelme, é por que em algum momento o seu futebol luziu com intensidade. Camisa 10, habilidoso, meia-atacante, "la surda como una patada", um discípulo da linhagem consagrada por Maradona. Benfica e Barcelona tentaram tirá-lo do Vélez, onde estreou aos 19 anos no Clausura de 2006, mas o Villarreal ganhou a briga. Emprestado ao Valladolid, retornou à Argentina.

Fecha parêntese.

Havia um inimigo mais implacável do que os zagueiros a ser vencido na Bombonera: a timidez. Uma lesão muscular também o atrapalhou. Perdeu a pré-temporada inteira. Amargou a reserva até o Grêmio chegar.

— Meu filho é de temperamento retraído. Mas é especial. No Boca, o ambiente não ajudou. Tinha afinidade com dois ou três jogadores, apenas. Eram frios. Pelo que conversamos, o ambiente é acolhedor no Grêmio. Daqui a pouco ele estará fuzilando de canhota, algo que minha perna direita jamais conseguiu — testemunha Osvaldo, o Escudero pai, 50 anos, companheiro de Maradona e Ramón Díaz no título mundial sub-20 de 1979.

A voz de Damian é quase inaudível. As respostas, curtas, exigem do entrevistador o mesmo jogo de cintura que o levou a festejar o Mundial Sub-20 no Canadá, em 2007. Sua maior extravagância é a tatuagem com o nome do filho e da mulher no braço esquerdo. Tatuagem tímida: fica escondida sob a camiseta. Além de Buenos Aires (é de Rosário), Escudero morou em Valladolid e Tóquio (quando o pai jogava no Japão). Vai ao shopping e ao super em Porto Alegre.

— Tem umas palavras diferentes, como nas frutas — revela, ao perceber que agora é maçã em vez de manzana e ciruela no lugar de ameixa.

Na última sexta, antecipei aqui no clicEsportes um vídeo com trechos da conversa com Escudero. Confira:



Antes do jogo com o Porto Alegre, domingo passado, o pai telefonou. Veja como foi a conversa na edição deste domingo de Zero Hora.

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