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Mundo  | 30/11/2010 13h27min

Vazamentos do WikiLeaks ainda provocam irritação entre potências

Irã declarou que os vazamentos fazem parte de um "complô" de Washington

Após o vazamento de mensagens diplomáticas americanas pelo site WikiLeaks que provocaram revolta de Washington, as grandes potências tentavam minimizar as possíveis consequências das revelações nesta terça-feira.

França:

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que a publicação das notas diplomáticas, incluindo algumas que o consideram "suscetível e autoritário", representam "o último grau da irresponsabilidade".

China:

A China, citada por suas relações com o Irã, afirmou esperar que os vazamentos do WikiLeaks "não perturbem as relações China-EUA" e que Washington "administre corretamente" o assunto, segundo o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hong Lei.

EUA:

Mais veemente, Robert Gibbs, porta-voz da presidência dos Estados Unidos, afirmou na segunda-feira que o WikiLeaks e os que disseminam as informações são "criminosos". Para ele, os vazamentos constituem "graves violações da lei e uma ameaça grave para aqueles que executam e ajudam em nossa política externa".

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, falou de um "ataque à comunidade internacional".


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Alguns documentos diplomáticos vazados pelo WikiLeaks a cinco grandes jornais internacionais (The New York Times, The Guardian, El País, Le Monde e Der Spiegel) acusam a China pelo envolvimento no envio de peças de mísseis norte-coreanos ao Irã, que teriam transitado por seu território.

Um telegrama de 2007 recorda que as entregas violam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre o Irã e a Coreia do Norte, assim como as normas que a própria China fixou em termos de controle de exportações de materiais sensíveis.

Outra nota relata as declarações do vice-ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Chun Yung-Woo, que afirmou que os dirigentes chineses não consideram mais a Coreia do Norte "como um aliado útil ou confiável".

Irã:

Já o Irã decidiu menosprezar as revelações do WikiLeaks sobre a hostilidade dos vizinhos árabes, para não cair na "armadilha" dos Estados Unidos. O porta-voz do ministério das Relações Exteriores iraniano, Ramin Mehmanparast, afirmou que os vazamentos fazem parte de um "complô" de Washington.

— Os inimigos do mundo islâmico continuam semeando a "iranianofobia" e a discórdia. Mas seu projeto pretende apenas proteger os interesses do regime sionista e de seus partidários, e os países da região não devem cair nesta armadilha — disse.

Japão:

O Japão se uniu às críticas ao WikiLeaks, especializado em vazar documentos confidenciais.

— É escandaloso, é um ato criminoso — denunciou o ministro japonês das Relações Exteriores, Seiji Maehara, que considera que o WikiLeaks roubou estes documentos.

Segredos da diplomacia

Os documentos obtidos pelo WikiLeaks jogam luz sobre os segredos da diplomacia americana.

Nos telegramas é possível ler, entre outras coisas, que o rei Abdullah da Arábia Saudita pediu a Washington a destruição do programa nuclear iraniano, ou que a Rússia seria um "Estado mafioso virtual".

Mas as autoridades criticadas pelos telegramas se apressaram para garantir que as "fofocas", como as chamou Guido Westerwelle, ministro alemão das Relações Exteriores, não prejudicarão as relações com Washington.

Israel

No Oriente Médio, um alto funcionário israelense afirmou que o país "sai bem" dos vazamentos, já que os documentos confirmam a posição oficial de Israel a favor de uma postura mais firme a respeito de Teerã.

Procedimentos para evitar novos vazamentos

A Casa Branca determinou uma revisão dos procedimentos de segurança para evitar novos vazamentos.

O procurador-geral, Eric Holder, recordou que há uma investigação penal em curso. Mas o secretário-geral da organização Anistia Internacional, Salil Shetty, considerou "positiva" a iniciativa do WikiLeaks, e afirmou que o site levou em consideração as críticas da ONG ao mostrar-se mais precavido na divulgação de telegramas diplomáticos. 


Confira o que dizem os relatórios sobre alguns líderes mundiais:

Abdullah
- O rei Abdullah da Arábia Saudita pediu aos EUA para atacar o Irã e destruir seu programa nuclear, segundo os textos vazados. Um memorando afirma ainda que o trabalho conjunto com Washington para conter a influência iraniana no Iraque "era uma estratégia prioritária para o rei e seu governo".

Silvio Berlusconi
- A respeito do primeiro-ministro italiano, o material detalha suas "festas selvagens" e revela uma desconfiança profunda despertada pelo mulherengo premier em Washington. "Ele é inefetivo como um líder europeu moderno", "um líder física e psicologicamente fraco" cujas "festas não permitem descansar o suficiente".

Vladimir Putin

- Da embaixada em Moscou em 2008 foram coletadas informações sobre o relacionamento entre o presidente russo, Dmitry Medvedev e seu premier, Vladimir Putin, observando que era "um Robin para o Batman de Putin". Ele é retratado como um político autoritário com um estilo pessoal machista.

Kim Jong-il
- O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il, também é alvo de críticas. As fontes diplomáticas o descrevem como um "velho cara" que "sofreu traumas físicos e psicológicos" como consequência de um problema de saúde.

AFP
 
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