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Mundo  | 29/11/2010 11h36min

Vazamento WikiLeaks: Brasil disfarça combate a terroristas, revelam documentos dos EUA

Site revelou informações de telegramas enviados pela embaixada em Brasília para Washington

O site WikiLeaks revelou documentos que mostram que o Brasil disfarçaria a prisão de suspeitos de terrorismo. Segundo o site, "a Polícia Federal (PF) e a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) seguem dicas da inteligência americana para realizar operações de contraterrorismo no país". A informação é de telegramas enviados pela embaixada dos EUA em Brasília para Washington.

"A Polícia Federal frequentemente prende indivíduos ligados ao terrorismo, mas os acusa de uma variedade de crimes não relacionados a terrorismo para não chamar a atenção da imprensa e dos altos escalões do governo", relatou o embaixador Clifford Sobel em janeiro de 2008, conforme o site.

O Wikileaks revela ainda que, no dia 4 de maio de 2005, o general Armando Félix esteve em um almoço na casa do então embaixador americano John Danilovich, que ficou no cargo até 2006.

Felix teria dito que é importante que as operações de contraterrorismo sejam "maquiadas" da maneira apropriada para não afetar negativamente a "orgulhosa" e "bem-sucedida" comunidade árabe no Brasil.

"Além das operações conjuntas conosco, o governo brasileiro também está pedindo que filhos de árabes, muitos deles empresários de sucesso, vigiem árabes que possam ser influenciados por extremistas ou grupos terroristas", diz o relato.

Conforme o site, os EUA consideram o partido libanês Hezbollah e o palestino Hamas como terroristas, e o Itamaraty os considera partidos legítimos.

"A sensibilidade ao assunto resulta em parte do medo da estigmatização da grande comunidade islâmica no Brasil ou de que haja prejuízo para a imagem da região (da Tríplice Fronteira) como destino turístico. Também é uma postura pública que visa evitar associação à guerra ao terror dos EUA, vista como demasiado agressiva", analisa Sobel.

"No ano passado a Polícia Federal prendeu vários indivíduos envolvidos em atividades suspeitas de financiamento de terrorismo mas baseou essas prisões em acusações de tráfico de drogas ou evasão fiscal", completa.

Entenda o caso


- A divulgação de documentos diplomáticos feita pelo site WikiLeaks veio a público neste domingo (29/11/2010), no maior vazamento da história.

- São mais de 250 mil mensagens do Departamento de Estado americano, em que são revelados episódios ocorridos nos pontos de maior conflito no planeta e informações que expõem a política exterior dos EUA

- Diplomatas receberam ordens para espionar inimigos e aliados. O governo americano pediu a funcionários de 38 embaixadas e missões diplomáticas informações pessoais sobre o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e representantes ligados de Sudão, Afeganistão, Somália, Irã e Coreia do Norte

- O material também mostra os movimentos entre EUA e aliados para fazer frente ao terrorismo e ao radicalismo islâmico, bem como detalhes sobre episódios como o boicote da China ao Google e negócios conjuntos de Vladimir Putin e Silvio Berlusconi no setor de petróleo

Confira o que dizem os relatórios a respeito de alguns líderes mundiais

Abdullah
- O rei Abdullah da Arábia Saudita pediu aos EUA para atacar o Irã e destruir seu programa nuclear, segundo os textos vazados. Um memorando afirma ainda que o trabalho conjunto com Washington para conter a influência iraniana no Iraque "era uma estratégia prioritária para o rei e seu governo".

Silvio Berlusconi
- A respeito do primeiro-ministro italiano, o material detalha suas "festas selvagens" e revela uma desconfiança profunda despertada pelo mulherengo premier em Washington. "Ele é inefetivo como um líder europeu moderno", "um líder física e psicologicamente fraco" cujas "festas não permitem descansar o suficiente".

Vladimir Putin

- Da embaixada em Moscou em 2008 foram coletadas informações sobre o relacionamento entre o presidente russo, Dmitry Medvedev e seu premier, Vladimir Putin, observando que era "um Robin para o Batman de Putin". Ele é retratado como um político autoritário com um estilo pessoal machista.

Kim Jong-il
- O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il, também é alvo de críticas. As fontes diplomáticas o descrevem como um "velho cara" que "sofreu traumas físicos e psicológicos" como consequência de um problema de saúde.

ZEROHORA.COM
wikileaks.org, Reprodução / 

Revelação está em carta secreta do então embaixador americano no Brasil, Clifford Sobel, de 8 de janeiro de 2008
Foto:  wikileaks.org, Reprodução


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