| 10/05/2011 06h14min
O ajuste de salário dos professores está relacionado não só a investimentos governamentais e valorização da categoria, mas também deve trazer consequências na vida pessoal dos mestres. Ricardo Momm, de 36 anos, conta que o salário baixo nos seus 14 anos de magistério trouxe excesso de trabalho e foi determinante em toda a sua trajetória.
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na rede estadual em SC
O professor lembra que já teve que trabalhar como consultor de empresa, vendedor de loja e garçom para complementar a renda. Atualmente, ele leciona em duas escolas, em uma média de 60 horas-aula semanais, nos três períodos do dia. Mesmo assim, depende de empréstimos para se manter.
— Falta dinheiro, e como temos que trabalhar mais, falta tempo. A gente que cuida das crianças dos outros, mas na prática, não temos nem como constituir a nossa família — diz ele, que é separado e sem filhos.
Mas, para o graduado em História e com especialização em Psicopedagogia, o pior prejuízo da defasagem salarial é justamente na formação e no desempenho do professor. Para fazer pós-graduação, ele teve que aumentar a carga de trabalho, o que o deixou ainda mais sobrecarregado. Também não há incentivos caso queira ingressar no mestrado.
— Para ser mestre em História, como quero, não terei nem abono de carga horária — lamenta.
A doutora em Psicologia do Trabalho, Lilia Aparecida Kanan, afirma que o baixo salário e a falta de estímulo aos professores podem diminuir a qualidade da educação.
— Há possibilidade de haver redução do comprometimento do profissional, da satisfação, do envolvimento com a carreira e queda da criatividade. Pode ocorrer inclusive o aumento de faltas — explica a psicóloga.
Para ela, com o salário baixo pago aos professores, no futuro, pode haver, inclusive, menos profissionais da categoria. Afinal, os estudantes avaliam o mercado de trabalho ao optar por uma carreira. Mesmo assim, segundo Lilia, pouco pagamento não significa obrigatoriamente prejuízos na atividade docente.
— Existem professores comprometidos, que encontram metas individuais capazes de compensar a pouca renda.
Apesar das dificuldades, o professor Ricardo se diz um deles:
— Eu até desanimo e tentei mudar de profissão. Mas não consigo fazer outra coisa, esses alunos são meu maior estímulo.
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"Eu até desanimo e tentei mudar de profissão. Mas não consigo fazer outra coisa, esses alunos são meu maior estímulo", diz o professor Ricardo Momm
Foto:
Daniel Conzi
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