Uma imagem eternizada na capa do jornal de outubro de 2000 desafiou o Diário Gaúcho a remexer em gavetas fechadas pela história. É a primeira foto publicada da Renascer da Esperança, entidade assistencial do Bairro Restinga, em Porto Alegre, que completa duas décadas em 2016. Nela, 13 crianças estão abraçadas à idealizadora do projeto, Rozeli da Silva.
No mergulho em memórias esfareladas pelo tempo, lançou-se o desafio de resgatar lembranças esquecidas. Vidas que caminhavam juntas naquela época se reencontram nas mesmas páginas que estamparam há quase
16 anos. Quem são eles? Que rumos tomaram?
Com o auxílio de Rozeli e da comunidade, a reportagem revela que nem todos continuaram sorrindo como naquela foto registrada numa tarde com pão e leite.
Dos 13, nove foram localizados e terão as histórias contadas. Destes, quase a metade já morreu. Nenhum ainda chegou à universidade. Dois não completaram o ensino fundamental. Quatro não foram identificados. Em quase três meses de apuração jornalística, sequer o nome deles foi descoberto. Permanecem invisíveis. O retrato dos filhos de Rozeli é, de certa forma, um retrato do Brasil. Poderia estar em qualquer periferia do país.
Durante a construção da reportagem, registrou-se um nascimento e uma morte. Uma das crianças foi encontrada depois da publicação da primeira reportagem. Eles não se tornaram famosos como os ídolos na infância. Apenas vivem. Sobrevivem. Ou deixaram de viver.