inovação anticrise

empresas de software e comunicação têm perspectiva de ganhar mercado com soluções que reduzem custos e garantem ganho de escala para os clientes

 

P

eríodos de crise costumam chacoalhar as estruturas administrativas do universo corporativo. Talvez por força extrema, são nesses momentos que a maioria das empresas para e faz um amplo raio-X das próprias operações. Em alguns casos, cortes de pessoal são inevitáveis. Em outros, elas conseguem identificar oportunidades de otimizar processos e reduzir custos, ganhando em produtividade – o que ajuda a minimizar os impactos do momento turbulento. Investimentos em inovação e tecnologia costumam, então, surgir como alternativa para reduzir custos em Santa Catarina.

 

– Na crise, as empresas fazem ajustes para que haja mais eficiência nos negócios. Isso passa por investimentos em TI – avalia Guilherme Bernard, presidente da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate).

 

Os números mostram que o setor de TI catarinense parece estar indiferente à crise. De acordo com dados da Acate e da empresa Neoway, o segmento cresceu 15% no Estado em 2015, movimentando em torno de

R$ 3,5 bilhões com 2,9 mil empresas.

 

A diversificação da economia de Santa Catarina ajudou a consolidar um polo tecnológico cujas soluções criadas atendem diferentes tipos de atividades.

Como 2016 mais uma vez promete ser um ano amargo, empresários da área apostam que o mercado vai continuar demandado soluções que melhorem resultados.

 

– Manter a competitividade é essencial para a sobrevivência de um negócio. Empresas que investem em tecnologia já caminham um passo à frente das demais. É um custo/benefício que não pode ser deixado de lado por quem vislumbra um futuro sólido – analisa Carlênio Castelo Branco, presidente da Senior.

 

Há outra condição imposta pelo cenário macroeconômio que beneficia diretamente as empresas de tecnologia. Com cofres vazios em função da crise e em busca de mecanismos para aumentar a geração de receitas, o poder público tem fechado o cerco contra a sonegação de impostos. Vários mecanismos de arrecadação, como a emissão de notas fiscais, vêm sendo informatizados ao longo dos últimos anos. A fiscalização é cada vez mais rígida e existe a adoção de ferramentas digitais, sob pena de multa.

 

– Novas tecnologias proporcionam novas regras de negócio, e essas novas regras podem impulsionar a nossa economia – avalia Miguel Abuhab, fundador de empresas como Datasul e Neogrid.

 

Abertura para exportação

 

Várias razões explicam o sucesso do setor tecnológico de Santa Catarina. O Estado já largou na frente lá atrás, com a implantação de birôs de  processamento de dados como o Cetil, em Blumenau, que nos anos 70 se tornou o maior do gênero América Latina. Ainda na década de 80 começaram a surgir várias empresas de software. O polo catarinense foi se consolidando com a criação de centros de inovação e tecnologia, abertura de incubadoras e, mais recentemente, programas de aceleração e desenvolvimento de startups.

 

– É um Estado completo. A cultura dos empreendedores é de inovação e competitividade. Temos hoje uma situação privilegiada em relação a outros Estados – destaca José Eduardo Fiates, diretor-executivo do Sapiens Parque, em Florianópolis.

 

Esse status não livra o setor de TI catarinense de encarar desafios. Um dos principais deles diz respeito à burocracia. O ambiente de negócios ainda é complexo em termos de legislação. Há também a necessidade contínua de capacitação de mão de obra. Um mapeamento feito no ano passado pela Acate, respondido por 190 empresas, apontou a necessidade de formação em novas áreas, como redes sociais, marketing digital e comércio eletrônico.

 

Outra barreira a ser vencida é o mercado internacional. Entrar em outros países, até mesmo por meio de multinacionais brasileiras, pode significar um grande salto para o setor. O presidente da Acate, Guilherme Bernard, diz que a entidade está incentivando empresas a adaptar soluções tecnológicas para atender à cultura e às normas de outras nações.

 

– O nosso objetivo de longo prazo é ter empresas locais que trabalham no mercado externo – diz Bernard.

 

PONTOS DE

OPORTUNIDADE

PONTOS

DE ATENÇÃO

Setores importantes da economia demandam ferramentas tecnológicas para melhorar e otimizar processos. O agronegócio, um dos únicos que cresce em meio à crise, precisa de soluções inteligentes e automatizadas. O poder público é outra área potencial.

 

Mercado externo: Santa Catarina já abriga algumas das principais empresas de software do país. Lideranças apostam que o Estado se tornará mais forte quando atender companhias globais.

 

Cooperação: trabalho em conjunto e troca de informações entre diferentes agentes ajuda a identificar pontos de melhoria e fortalecer o segmento.

 

Diversificação de mercados: empresas que trabalham com um único tipo de produto ou atendem um grupo restrito de segmentos correm mais riscos.

 

Formação de mão de obra: Santa Catarina é referência nessa área, mas ainda há demandas por funções específicas, como redes sociais, marketing digital e comércio eletrônico.

É importante reter talentos.

 

Além das associações, as empresas precisam pensar em cooperação e investir em projetos de inovação em todas as esferas.