promoção para ampliar as vendas

com crédito reduzido, atração de consumidores é alternativa
para lojistas manterem o faturamento aquecido. pela ótica positivA,

o país ainda é um dos maiores mercados do mundo

 

O

consumidor está acuado. O aumento do nível do desemprego, a inflação em dois dígitos, a restrição de acesso ao crédito e o bombardeio de notícias negativas nas esferas econômica e política o levam a pensar duas vezes antes de abrir o bolso, impactando nos resultados do varejo.

 

Os números mostram isso: o comércio de Santa Catarina teve o pior desempenho em 15 anos em 2015. O volume de vendas recuou 3,1%, o setor eliminou quase 10 mil vagas de emprego e 5,6 mil lojas foram fechadas ao longo do último ano.

 

– O comércio é o primeiro a sentir qualquer desarranjo na economia, pois o consumidor tende a se defender nos tempos de crise, segurando ao máximo seus gastos e priorizando o essencial – analisa Ivan Roberto Tauffer, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL-SC).

 

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio-SC) identificou em pesquisas que o consumidor dá sinais de que prefere quitar os débitos antes de fazer novas compras, evitando um superendividamento. A fatia da renda comprometida ainda gira na casa dos 30%, segundo a entidade, mas isso não significa que o dinheiro sumiu. Ele está mais restrito, é verdade, mas continua em circulação porque as pessoas seguem com necessidades para suprir.

 

– O Brasil tem 140 milhões de consumidores. Somos o terceiro maior mercado consumidor do mundo, então sempre haverá demanda por parte do mercado – avalia Jaimes Almeida Junior, presidente do Grupo

Almeida Junior.

 

Comerciantes e lojistas vêm tentando driblar o desaquecimento do consumo com algumas ações estratégicas. Os empresários estão facilitando a renegociação de dívidas, esticando formas de pagamento e fazendo promoções, tudo para animar o receoso consumidor. Apesar das expectativas de curto prazo não serem positivas, há otimismo de que a situação melhore a partir do ano que vem.

 

– O primeiro semestre deve ser bastante difícil para o setor, com o acesso ao crédito restrito e alta inflação que reprimem o consumo, mas a expectativa é de terminar o ano em recuperação e com o segmento melhor adequado à nova realidade econômica – projeta Bruno Breithaupt, presidente da Fecomércio-SC.

 

Sacrifício necessário

 

Embora seja um clichê corporativo que tem sido repetido à exaustão nos últimos meses, lideranças do comércio de Santa Catarina enxergam oportunidades diante da atual crise. Com mudanças significativas no comportamento do consumidor – ele está com menos dinheiro e cada vez mais antenado e exigente –, é a hora de apostar em diferenciais principalmente de personalização, pagamento, atendimento e pós-venda, reclamações históricas e constantes dos compradores.

 

Do ponto de vista de gestão, o momento é de olhar para a inovação de processos. Jaimes Almeida Junior sugere que lojistas façam um pequeno sacrifício nos lucros para manter o movimento e a atratividade aos clientes:

 

– No mundo inteiro se ganha com margens pequenas, porque o que vale é o volume. No Brasil ainda trabalha-se com margens muito grandes.

Por mais contraditório que possa parecer, a crise também pode ajudar algumas empresas a ampliar a participação em seus respectivos mercados de atuação.

 

Muitos players do setor estão fechando operações em várias cidades menos lucrativas, abrindo espaço para que grupos mais bem estruturados possam incorporar uma fatia de consumidores órfãos por determinados produtos e serviços.

 

– Muito tem se falado em crise, mas não temos tempo para isso. Se queremos continuar crescendo não podemos focar nas incertezas. Temos que arregaçar as mangas e fazer acontecer. As oportunidades não existem no cotidiano, nós que temos que buscar – destaca Antônio Koerich, presidente da rede de lojas Koerich.

PONTOS DE

OPORTUNIDADE

PONTOS

DE ATENÇÃO

Reclamação frequente de clientes, o atendimento pode e deve ser melhorado. Com o orçamento cada vez mais curto, o consumidor vai optar por quem oferecer um serviço ou produto personalizado, melhores condições de pagamento e pós-venda eficiente.

 

Diminuir margens de lucro, apesar de comprometer a rentabilidade do negócio, é uma boa alternativa para não repassar aumentos de custos para o consumidor e manter um bom nível no fluxo de clientes.

 

A crise fez algumas grandes redes varejistas nacionais fecharem operações, o que abre espaço para empresas locais abocanharem parte da demanda reprimida.

 

Atenção às medidas arrecadatórias. Períodos de crise normalmente fazem governos elevar impostos. Só neste ano já houve aumento de tributos em segmentos como bebidas, fumo, chocolate, sorvete, rações, operações de comércio eletrônico e imposto sobre ganho de capital.

 

O ajuste fiscal continua apontando para a intenção de confiscar recursos do Sistema S para cobrir o déficit do governo, reduzindo a prestação de serviços em áreas como saúde, educação, lazer e cultura.

 

O perfil do consumidor muda a todo momento. Ele está cada vez mais atento e informado e é preciso pensar em maneiras das lojas estarem cada vez mais conectadas e integradas a ele, disponibilizando múltiplos canais de acesso.