| 03/08/2006 17h55min
Os grupos sociais de Cuba se mobilizaram e aumentaram a vigilância e ativaram os mecanismos de defesa diante de uma possível agressão externa ou de uma revolta interna, enquanto continua o mistério sobre o estado de saúde de Fidel Castro. Como nos últimos dias, Cuba amanheceu hoje tranqüila, mas também incerta pelo fato de Raúl Castro, irmão de Fidel, não ter aparecido ainda publicamente e por ainda não terem sido divulgados relatórios médicos sobre a saúde do presidente cubano.
O líder da revolução transferiu provisoriamente o poder a Raúl na última segunda-feira, enquanto se recupera de uma complicada operação no intestino. Desde terça-feira, milhares de trabalhadores participaram de atos de reafirmação patriótica realizados em centros de trabalho e em áreas públicas de todo o país.
Os Comitês de Defesa da Revolução (CDR), a maior organização popular da ilha, com 8,2 milhões de sócios, convocaram a população a protestarem sobre a ameaça dos Estados Unidos de pedir ao povo que reafirme seu compromisso com a revolução.
– Estamos preparados para continuar apoiando a revolução, com Fidel ou sem Fidel a revolução vai continuar – declarou na noite da última quarta o responsável por um Comitê do município de Playa.
– Cuba nunca será mais uma estrela da bandeira dos Estados Unidos – dizia para um grupo de moradores de seu bairro.
A preparação das unidades de defesa e dos meios de combate do país ocupou hoje as primeiras páginas da imprensa oficial cubana, recordando que, há um mês, o 5º Plenário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba ovacionou declarações de Raúl Castro designando o partido como único herdeiro digno do líder cubano.
"Os meios de combate estão prontos para nos defender" era a manchete de hoje do jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba, que destacou as palavras pronunciadas em junho por Raúl Castro durante um ato pelo aniversário de 45 anos do Exército Ocidental e reconhecidas pelo Comitê Central do Partido no dia primeiro de julho.
– O Comandante-Chefe da revolução cubana é apenas um, apenas o Partido Comunista, instituição que reúne a vanguarda revolucionária e que é garantia segura da unidade dos cubanos em todos os tempos e pode ser a herdeira digna da confiança depositada pelo povo em seu líder – disse Raúl Castro naquela oportunidade.
O jornal Granma declarou que "as modernizações conseguiram aumentar as possibilidades de combate, a vitalidade e a capacidade de manobra dos meios de combate" e destacou o trabalho das empresas militares na modernização e na produção de armas.
A agência oficial Prensa Latina afirmou que "Cuba tem uma concepção defensiva chamada 'guerra de todo o povo', baseada na disposição de lutar dos cidadãos, que terão um meio e lugar para fazê-lo junto às tropas regulares, se o país chegar a ser invadido".
A televisão local também tratará hoje das "ameaças do império" e da "máfia de Miami" em seu principal programa.
Desde a vitória da revolução, no dia primeiro de janeiro de 1959, e após a invasão de uma brigada de anticastristas cubanos provenientes de Miami através da Baía dos Porcos, em 1961, as principais autoridades da ilha não param de considerar a possibilidade de uma agressão militar dos EUA, seu principal e mais próximo inimigo.
As mais recentes medidas anunciadas pelo governo do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, englobadas no chamado Plano de Ajuda para uma Cuba Livre, elaborado para acelerar a transição na ilha, colocaram as autoridades cubanas em alerta mais uma vez.
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