| 30/11/2009 15h09min
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou hoje que não aceitará sua restituição ao cargo para legalizar as eleições de domingo, e insistiu que a abstenção superou 60%.
— Nem restituição para legitimar o golpe, nem para avalizar um processo que é totalmente ilegal — ressaltou Zelaya em declarações à "Rádio Globo", de Honduras, após as eleições gerais realizadas ontem e que deram o triunfo virtual ao opositor Porfirio Lobo.
— Nem a restituição sob as condições de legalizar esta fraude eleitoral pode ser aceita por alguém que luta pelos princípios — acrescentou.
O presidente, destituído em 28 de junho e desde setembro na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, reiterou suas denúncias de que a abstenção superou 60%, percentual quase idêntico de participação que apontam as autoridades eleitorais hondurenhas.
Conforme o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), a participação nas eleições foi de 61,3%, com 1.716.027 votos sobre um
total de 2.598.600 eleitores recenseados nas
8.662 mesas que puderam ser computadas e que representam 56,7% do total de 15.260 mesas eleitorais.
O censo eleitoral total é de 4,6 milhões de eleitores, dos quais, pouco mais de 1 milhão moram no Exterior e habitualmente não participam do pleito, por isso que o "censo ativo" é menor.
Para Zelaya, no entanto, mesmo com esse ajuste os técnicos do TSE cometeram um "grave erro" porque "se 1,7 milhão de votos correspondem a 61,7% quantos iriam corresponder a 100%? Por esse percentual seriam necessários 2,8 milhões de votos", disse.
— Eu me encarrego de buscar os dados de prefeitura em prefeitura — disse, ao ressaltar que "todo o povo sabe que as votações foram menores e eles dizem que há 600 mil votos a mais na votação".
Zelaya insistiu em que o pleito ocorreu em uma Honduras "aterrorizada" e sem "liberdade para expressar-se" pela presença de militares em todo o país, e disse que a revisão dos votos vai demonstrar que as eleições
têm um "vício de fraude, de ilegalidade, de
origem".
— Não me rendo embora tenham me ameaçado, embora queiram me humilhar porque estou defendendo uma causa, que é a causa do povo de Honduras — assinalou.
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