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 | 30/11/2009 01h45min

Lacalle reconhece vitória de José Mujica nas eleições uruguaias

Resultados parciais e pesquisas confirmaram derrota da direita

O ex-guerrilheiro José Mujica ganhou neste domingo o segundo turno das eleições do Uruguai, de acordo os primeiros resultados oficiais e as pesquisas de boca-de-urna. Ele venceu o ex-presidente conservador Luis Alberto Lacalle, que reconheceu a derrota.

Com 41,6% dos votos apurados pela Corte Eleitoral, a chapa representada por Mujica e seu candidato a vice-presidente, Danilo Astori, obteve 456.824 votos, e a de Lacalle e seu companheiro Jorge Larrañaga, 429.356 votos. Esta tendência já tinha sido antecipada pelas três principais empresas de pesquisas do país.

Segundo a Equipos Mori, empresa que se aproximou mais do resultado na votação do mês passado, Mujica obteve 50,1% dos votos, Lacalle 46,2%, e os votos brancos e nulos chegaram a 3,7%, com 83% das pesquisas revisadas. O instituto Factum deu a Mujica, da Frente Ampla, 51,2% dos votos, e a Lacalle, do Partido Nacional (Blanco), 44,9%, enquanto a Cifra dava ao esquerdista 51,5% e ao conservador 44,4%. Nos balanços destas duas últimas pesquisadoras, os votos em branco e nulos chegaram a 4%.

Após serem cconhecidos estes primeiros dados, Mujica — um ex-guerrilheiro tupamaro que passou 13 anos de sua vida na prisão, boa parte deles durante a ditadura militar (1973-1985) — se dirigiu a seus seguidores no quartel-general de seu partido em Montevidéu para agradecer o apoio.

— Há aqueles que não se dão conta de que o poder não está em cima, mas no coração das grandes massas — advertiu em um discurso no qual, além de desculpar-se por fortes críticas na campanha, que atribuiu a seu passado de combatente, pediu aos derrotados para trabalharem juntos pelo país.

Mujica esclareceu que na eleição não houve "nem vencidos nem vencedores" e advertiu que o Governo eleito "não é dono da verdade" e "precisa de todos". Minutos antes, o presidente Tabaré Vázquez, também da Frente Ampla, já tinha dado seu companheiro de bloco político como ganhador e tinha enviado um abraço por telefone a Lacalle.

Quase ao mesmo tempo, o próprio perdedor reconhecia na sede de sua legenda, o Partido Nacional (Blanco) a vitória de seu oponente e exortava seus seguidores a "vigiarem as instituições".

— José Mujica será nosso presidente, devemos aceitá-lo — enfatizou, frente a um grupo pouco numeroso de seguidores, muito menor que o grosso de simpatizantes da Frente Ampla que nesse momento se reunia em frente ao QG de Mujica, à espera que aparecesse o virtual vencedor das eleições.

— Saibam de uma coisa povo, companheiros, o mundo é ao contrário, vocês é que deveriam estar no palanque e nós aplaudindo. Vocês que travaram e mantiveram esta batalha acesa — disse Mujica ao subir no palanque, em um ato que durou poucos minutos por causa do temporal de vento e chuva no local.

Somente o mau tempo foi a preocupação de uma jornada eleitoral na qual o civismo marcou a pauta do comportamento dos cidadãos, como destacou Vázquez ao ir votar pela manhã.

— Embora pareçam similares estão no polo oposto — destacou o governante sobre os processos eleitorais de Uruguai e Honduras, os dois países latino-americanos nos quais havia votações neste domingo.

EFE
Iván Franco, EFE / 

O atual presidente, Tabaré Vázquez, participou da festa da vitória de José Mujica
Foto:  Iván Franco, EFE


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