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 | 30/11/2009 07h59min

Brasil não vai reconhecer eleições em Honduras, reafirma Lula

Presidente considera que aceitar resultado pode abrir um grave precedente na América Latina

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que o Brasil não vai reconhecer o resultado das eleições realizadas em Honduras nesse domingo. Ao chegar para a 19ª Cúpula Iberoamericana, na cidade de Estoril, em Portugal, o presidente disse que o país não voltará atrás e ressaltou que legitimar o resultado eleitoral hondurenho pode abrir um grave precedente na América Latina.

— O Brasil não tem porque repensar a questão de Honduras. É importante ficar claro que a gente precisa, de vez em quando, firmar convicção sobre as coisas, porque isso serve de alerta para outros aventureiros — disse o presidente.

Lula considerou um sinal perigoso e delicado o fato de os golpistas não terem permitido que Zelaya voltasse ao poder para coordenar o processo eleitoral.

— Ainda existem muitos países, sobretudo da América Central, em situação de vulnerabilidade política. Portanto, o Brasil não tem que reconhecer nem repensar a questão de Honduras— afirmou.

O presidente minimizou as divergências com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em relação à situação política em Honduras.

— Obviamente que nós temos discordância sobre como foi tratada a questão de Honduras, mas também se entre dois chefes de Estado não tiver nenhuma discordância, não tem graça — disse Lula, que não descartou a possibilidade de eventuais recuos entre os presidentes dos países da América do Sul, que, em princípio, declararam que não reconheceriam o resultado das eleições hondurenhas.

Segundo ele, cada país tomará a decisão em função da própria realidade política:

— Eu acho que os países da América do Sul que tomaram a decisão, certamente alguns poderão manter outros não, mas o Brasil manterá a posição porque não é possível a gente aceitar um golpe, seja ele militar, seja ele disfarçado de civil, como foi o golpe de Honduras.

O presidente Manuel Zelaya foi tirado do poder em 28 de junho por um golpe de Estado. Cerca de três meses depois, ao retornar clandestinamente a Tegucigalpa, recebeu abrigo na embaixada brasileira, onde permanecerá até que sua segurança seja assegurada, afirmou o presidente.

— Até que o governo de Honduras dê garantias de vida para o presidente Zelaya, ele vai ficar na embaixada brasileira. Nós não podemos permitir que ele saia sem que haja garantia de segurança para que volte para sua casa. É no mínimo uma piada tudo isso, mas, de qualquer forma, faz parte da cultura latino-americana — disse Lula.

EFE
 
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