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 | 16/09/2008 18h13min

Detenção do governador de Pando atrapalha negociações de paz na Bolívia

Processo ficou suspenso depois que Leopoldo Fernández foi preso pelo Exército

A detenção do governador do departamento boliviano de Pando, o opositor Leopoldo Fernández, por desacato ao estado de sítio, provocou nesta terça-feira a interrupção das negociações entre o governo de Evo Morales e seus opositores para concretizar o processo de diálogo.

O incidente com o governador pandino provocou a interrupção das reuniões mantidas pelo Executivo com seus opositores regionais para concretizar um processo de diálogo que permitiria resolver a conflituosa situação que vive a Bolívia. Desde o sábado passado, o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, e o representante dos autonomistas, o governador regional de Tarija, Mario Cossío, tentam pactuar um documento de pré-acordo que firme as bases da eventual negociação entre as partes políticas em conflito. Mas ao conhecer a notícia da detenção de Fernández, Cossió abandonou o Palácio do Governo de La Paz.

Roberto Ruiz, um senador de Tarija que foi com Cossío às reuniões, confirmou que o processo ficou "suspenso, embora não acabado". Segundo o senador, o governador opositor e sua delegação estão retornando à sua região para estudar o assunto da detenção, qualificada por ele como "ato abusivo e arbitrário", principalmente quando estava "praticamente pronto o documento" sobre as bases do diálogo.

Após insistir que as conversas não tinham sido encerradas totalmente, Ruiz afirmou que "a imediata libertação do governador regional Fernández significaria a imediata assinatura do acordo de pacificação nacional".

A detenção de Fernández provocou uma manifestação espontânea em seu apoio na cidade de Santa Cruz, onde o Comitê Cívico local exigiu a libertação, enquanto sugeria aos cidadãos que "não caiam nas provocações" e que continuem o diálogo com o governo central. Em La Paz, antes de a reunião ser suspensa, o presidente Evo Morales afirmou que o documento de trabalho ainda não concluído "pode ser uma base para seguir dialogando", mas anunciou que o revisará com os movimentos sociais que o apóiam.

Os principais temas da controvérsia entre governo e opositores são a repartição territorial das rendas petrolíferas, a nova Constituição impulsionada por Morales e o regime autônomo defendidos por líderes de Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija e Chuquisaca. Morales se incorporou às conversas com seus opositores agora interrompidas após retornar da Cúpula da União de Nações Sul-americanas (Unasul), reunida ontem em Santiago do Chile, onde obteve grande respaldo dos chefes de Estado e Governo da região.

A detenção de Fernández acontece depois que a Procuradoria Geral da Bolívia formulasse na segunda-feira uma acusação de genocídio contra o governador regional e contra outros dois altos líderes políticos contrários a Fernández, um deles partidário de Morales. No entanto, o procurador-geral da República, Mario Uribe, assegurou hoje à rádio Erbol que ele não ordenou esta detenção e que foi "de absoluta responsabilidade das autoridades que tomaram essa decisão". .

Veja onde fica Pando, na Bolívia:

EFE
 
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