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 | 15/09/2008 18h52min

Oposição a Morales teme isolamento

Movimento Cívico de Santa Cruz de La Sierra se reuniu durante toda a tarde em vão

Atualizada às 21h22min Humberto Trezzi, enviado especial  |  humberto.trezzi@zerohora.com.br

Um dos lados envolvidos na onda de três semanas de protestos na Bolívia, a oposição ao presidente Evo Morales, mostra sinais de exaustão.

O autodenominado Movimento Cívico de Santa Cruz de La Sierra, núcleo maior de oposicionistas, se reuniu durante toda a tarde na sede da agremiação, no centro dessa cidade que é o motor econômico da Bolívia. Para nada.

Defensores de autonomia em relação a La Paz, este grupo foi o responsável pela invasão de mais de uma dezena de prédios federais nas últimas três semanas e aguardam os resultados da conferência de chefes de Estado que se desenrola no Chile para dar seus próximos passos. Estão temerosos de ficar no isolamento.

Os mais radicais, da agremiação direitista União da Juventude Cruceñista (UJC), desejam manter em seu poder os prédios ocupados e empossar dirigentes estaduais como chefes das repartições federais. Seria um rompimento definitivo com o governo central. Evo Morales já declarou que as negociações por uma paz definitiva na Bolívia só prosseguirão se os edifícios federais forem devolvidos e o governo, indenizado pelos danos causados nas suas estruturas. Nos distúrbios da semana passada, as sedes da Entel (estatal telefônica) e do Instituto de Reforma Agrária (IRA) em Santa Cruz de La Sierra foram vandalizadas e desde então estão ocupadas por jovens da UJC. Em represália, esquerdistas que apóiam o presidente mantém uma série de bloqueios em estradas que estão asfixiando economicamente Santa Cruz e outras regiões rebeldes ao poder central.

Uma ala moderada dos civilistas está inclinada a abandonar os prédios e devolvê-los ao governo federal. Desde que, em troca, obtenha de Evo Morales a promessa de retorno do Imposto de Devolução de Hidrocarburos (IDH), uma verba oriunda das extrações de gás e óleo, que o presidente deixou de repassar aos Estados, na intenção de reservar dinheiro para pensão de idosos no país.

A decisão sobre ficar nos prédios ou devolvê-los deveria ter saído ontem, mas os oposicionistas decidiram esperar. Após a intervenção militar no departamento de Pando, desencadeada em função de conflitos entre direitistas e esquerdistas que resultaram em 32 mortes, os integrantes do Movimento Cívico estão cautelosos. Desbloquearam as rodovias e temem ficar sem apoio político internacional. Apesar de pertencer às províncias mais ricas do país, eles têm menos apoiadores que o presidente Morales.

 
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