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 | 14/09/2008 17h21min

Governador de Pando, na Bolívia, pede à população para aceitar estado de sítio

Governador teve ordem de prisão decretada

O governador regional de Pando, o opositor Leopoldo Fernández, pediu neste domingo à população local para aceitar, "apesar de isso doer muito", o estado de sítio imposto pelo governo, mas não admitirá ser detido, porque considera isso um "abuso":

— Pedimos à população, embora repudiando e rejeitando uma decisão desta natureza, que se aceite algo que dói muito, (porque) é preciso fazer os esforços para evitar maiores confrontos — disse Fernández em declarações por telefone.

Também afirmou que está disposto a uma investigação, mas não aceitará "o abuso" de ser detido porque, lembrou, é uma "autoridade eleita". O governador regional disse que permanece em Cobija, a capital de Pando, em sua casa e convidou o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, que está na região, a ir ao local para dialogar.

Segundo Fernández, em Cobija reina "uma tranqüilidade relativa e tensa" depois da incursão realizada esta madrugada pelas Forças Armadas para fazer cumprir o estado de sítio decretado pelo governo de Evo Morales:

— Eu não deixei Cobija, estive trabalhando, vendo como podemos fazer para contribuir para ver como estas decisões desatinadas do governo (...) não nos tragam maiores problemas — disse Fernández.

Ele destacou que a incursão militar desta madrugada não teve maiores conseqüências, como se temia, salvo incidentes isolados, e reconheceu que "não houve maiores abusos" dos militares.

O governo acusa Fernández de ser o responsável pelo "massacre" contra camponeses em um conflito que terminou com pelo menos 30 mortos, embora só 17 tenham sido registrados formalmente, porque o resto dos corpos ainda não foi resgatado dos montes e do rio próximos à zona do conflito.

O opositor negou estas acusações e pediu que o governo crie uma comissão que investigue essas mortes, a maioria registrada em um choque entre camponeses leais a Morales e grupos opositores:

— O governo está mostrando ao mundo inteiro um genocídio, um massacre, e eu me pergunto por que então não formou uma comissão para fazer uma investigação que estabeleça responsabilidades e se punam culpados — disse Fernández.

Ele qualificou de "um filme" as afirmações do governo de que a prefeitura teria contratado sicários e narcotraficantes peruanos e brasileiros para atuar nos choques, mas reconheceu que há algumas pessoas armadas com as quais não tem ligação alguma.

Fernández anunciou que pediu neste domingo a representantes das Nações Unidas, da Defensoria pública e da Igreja que tentem uma mediação para que chegue a Cobija uma comissão de investigação, além de imprensa nacional e internacional.

Quintana anunciou sábado à noite que deterá Fernández sob a acusação de desacato ao estado de sítio e porque, em sua opinião, ele organizou os grupos que atacaram os camponeses na quinta-feira passada. Fernández disse que, perante essa "bravata" e "amedrontamento", esperará Quintana em sua casa de Cobija, de onde não saiu "nem um só minuto" para ir ao Brasil, como afirmaram alguns veículos de comunicação e membros do governo.

— Quero dizer (a Quintana) que estou em minha casa, não tenho segurança e que eu gostaria de esperá-lo. Não para enfrentá-lo, mas para que conversemos sobre o que realmente ocorreu — disse Fernández.

O governador de Pando ressaltou que o Executivo de Evo Morales age sempre com "uma lógica" que cria cenários de conflito, porque não está preparado para governar o país.

— Se não uma coisa é outra, dormem e acordam pensando em conflitos. Fez isso em todas as partes do país durante estes dois anos e meio de gestão — comentou o governador regional, que faz parte de um bloco opositor autonomista junto a líderes de Santa Cruz, Beni, Chuquisaca e Tarija.

EFE
 
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