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 | 15/09/2008 04h54min

Governadores da oposição da Bolívia propõem Brasil como mediador do conflito

"O Brasil é uma garantia de que isso pode ter uma solução" definiu Rúben Costas

Humberto Trezzi  |  humberto.trezzi@zerohora.com.br

Após um fim de semana à beira da guerra civil, a Bolívia respira uma possibilidade de paz. Ontem, o Comitê Cívico de Santa Cruz de La Sierra, núcleo da oposição ao presidente Evo Morales, anunciou a suspensão dos bloqueios de rodovias no departamento.

Mais: os governadores da oposição deram um sinal ao propor a intermediação do Brasil no conflito. — O Brasil é uma garantia de que isso pode ter uma solução — definiu o governador de Santa Cruz, Rúben Costas.

Esse recuo da oposição, se confirmado, será o primeiro ato concreto de negociação em três semanas de violentos distúrbios. A proposta de interromper os bloqueios foi feita por Blanko Markovic, líder da oposição a Morales .

O oposicionista ainda não detalhou como será feito isso, até porque os militantes dos dois lados radicalizaram posições no fim-de-semana. Mais de 10 pessoas ficaram feridas em confrontos entre a União da Juventude Cruceña (oposição) e o Movimento ao Socialismo (MAS, governista). Os conflitos aconteceram a 50 km de Santa Cruz de La Sierra.

Bloqueios feitos pelos dois grupos impedem a chegada de bens industrializados à cidade, motor econômico da Bolívia. Markovic diz que o levante das barricadas será “sinal de boa vontade”. Mesmo com a iniciativa, o dirigente oposicionista não amansou as palavras. Chamou os apoiadores de Morales de “assassinos” e comunistas “a serviço de Hugo Chávez”.

Antes da trégua, a Bolívia viveu dois dias de violência. O estado de sítio decretado pelo presidente no departamento de Pando foi rechaçado a bala por moradores daquela região fronteiriça com o Brasil.

Pelo menos um civil morreu e dois foram feridos com tiros ao combater soldados do exército boliviano. O morto e um ferido são paramilitares de oposição a Morales, que tentam impedir a tomada da cidade.

Já chega a 32 o número de mortos nos confrontos

O aeroporto Aníbal Arab, de Cobija, está fechado e tomado por tropas militares. A TV estatal mostrou imagens da tomada do aeroporto pelo exército, na qual um homem foi atingido e morreu em frente às câmeras. O cidadão de meia idade, que estava numa barricada em protesto contra Morales, não foi atendido a tempo.

Uma repórter de TV foi ferida com um tiro. Outros jornalistas foram impedidos de trabalhar. Foi próximo a Cobija que morreram 30 pessoas em confrontos na quinta-feira — já são 32 mortos. A estimativa inicial era de oito, mas ontem o governo boliviano anunciou que foram encontrados 30 corpos nos rios da região de Porvenir.

O ministro Alfredo Rada anunciou ordem de prisão para o prefeito de Cobija, Leopoldo Fernández, por “desacato”. Motivo: o prefeito se recusou a obedecer ao estado de sítio. Fernández é qualificado por Rada como “genocida”.

Governadores oposicionistas, que iriam a Pando, desistiram após não receberem autorização para pouso nos aeroportos da região. A incerteza levou aTAM a suspender os vôos do Brasil para Santa Cruz de La Sierra. A Gol, brasileira, interrompeu também os vôos, mas já os retomou.

 
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