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 | 09/02/2010 00h21min

Leonel Pavan diz que deverá tomar posse como governador em abril

Vice-governador afirma que mandato é de Luiz Henrique até que ele renuncie

Diogo Vargas  |  diogo.vargas@diario.com.br

Sorridente e agitado, o vice-governador Leonel Pavan (PSDB) surpreendeu nesta segunda-feira ao declarar que tomará posse como governador apenas em abril, quando Luiz Henrique da Silveira (PMDB) deve renunciar para concorrer ao Senado. Pavan considera a decisão a mais natural e sem atropelos.

Afastado do governo por duas semanas para um tratamento de gastrite, o vice-governador retomou a rotina dando a entender que dificilmente vai forçar renúncia antecipada de Luiz Henrique.

Em solenidade na Epagri, na Capital, Luiz Henrique disse que continuará trabalhando nos próximos meses, o que indica que a entrega do cargo a Pavan deverá ficar mesmo na data limite para a renúncia. Não houve pronunciamento público dos dois oficializando essa decisão.

Durante o dia, Pavan esteve no Centro Administrativo e depois almoçou com deputados tucanos. No início da noite, participou da reunião da executiva do PSDB em São José, na Grande Florianópolis.

Nove quilos mais magro, comentou que está com a saúde em dia e que não tem mais o que fazer se não aguardar a decisão do Tribunal de Justiça. Ele preferiu não demonstrar qualquer expectativa sobre o processo no TJ.

Antes de a reunião começar, Pavan esbanjava bom humor. Uma das cenas em que mostrou alegria foi quando cumprimentou o secretário estadual da Educação, Paulo Bauer. Indagado do motivo, Pavan esquivou-se.

Funcionários do escritório suspeitavam que seria pela possibilidade de o TJ julgá-lo antes de abril, o que aceleraria a posse. Outra especulação no local era sobre a manutenção ou não da tríplice aliança (PMDB-PSDB-DEM).

Pavan disse que está "animadíssimo" sobre a lista de candidatos a deputados federal e estadual pelo partido em chapa pura. Sobre o candidatura ao governo, afirmou que ainda é cedo ter a resposta.

— Acho que ainda é muito cedo. Ninguém pode dizer que é candidato se depende da tríplice aliança. Mas de candidatura eu não falo mais. O meu desejo é encerrar o ano embalado.

O PSDB divulgou que uma eventual posse interina antes de abril não está descartada, mas que o mandato pertence a Luiz Henrique e que devem ocorrer novas conversas. O governador já disse que a entrega do cargo depende apenas de Pavan, mas, em solenidades recentes, Luiz Henrique tem demonstrado que deverá seguir no cargo até abril.

O vice-governador foi denunciado pelo Ministério Público Estadual após investigação da Polícia Federal em um esquema para reativar o registro da empresa Arrows Petróleo do Brasil, suspeita de sonegação fiscal. O TJ ainda não decidiu sobre a denúncia.

Entrevista com Pavan

O vice-governador Leonel Pavan deu a entender nesta segunda-feira que só assumiria em definitivo o governo de Santa Catarina em abril. Ele declarou que, antes disso, governa apenas como interino. A seguir, leia trechos da entrevista concedida ao Diário Catarinense no início da noite na sede do diretório regional do PSDB, em São José.

Diário Catarinense: Quando o senhor assume o governo?
Leonel Pavan: Eu vou assumir quando o cargo estiver vago. Deverá ocorrer até o dia 3 de abril. Até lá, o titular é Luiz Henrique da Silveira. No início de abril, ele renuncia ao cargo, e eu assumo definitivamente.

DC: Antes de abril o senhor não assume, então?
Pavan: É possível. Se o governador tiver alguma viagem, se ausentar da função, nós, por direito constitucional, assumimos.

DC: O senhor tratou a respeito dessa decisão com o governador?
Pavan: Não. Não tenho porque conversar com o governador sobre isso neste momento.

DC: O governador Luiz Henrique sempre deixou claro que o senhor assumiria o governo quando o senhor quisesse. Agora o senhor nos informa que vai assumir em abril. É uma decisão sua?
Pavan: É que em abril é uma decisão normal. Eu só não assumi dia 5 de janeiro porque eu precisava me ausentar. Não poderia colocar os meus desejos pessoais, a vaidade, acima dos interesses do Estado. Não haveria necessidade de atropelarmos a nossa posse, já que surgiu esse fato (investigação da PF) que desagrada a todos nós. Eu queria, primeiro, é montar minha defesa e comprovar minha inocência.

DC: A sua defesa vê algum impedimento legal para o senhor assumir o governo?
Pavan: Só mesmo quando, no caso, se viesse a ser condenado. Aí é lógico. Mas também não conheço a legislação, não sou advogado. Mas, com a certeza absoluta da nossa inocência, nada nos impedirá de assumir o governo.

DC: Como vai ser essa fase até lá? Como o senhor vai agir?
Pavan: Continuando o trabalho normal. Estamos conversando com os secretários. Estou despachando no meu gabinete, participando dos eventos do governo.

DC: O senhor já escolheu os seus secretários?
Pavan: Não. Só haverá mudança a partir do momento que algum (secretário) se ausentar para concorrer a algum cargo nessas eleições.

DC: Como está a sua expectativa sobre se o TJ aceita ou não a denúncia?
Pavan: Eu não tenho expectativa nenhuma. Tudo que era para ser feito, eu fiz.


Veja mais no infográfico sobre o Caso Pavan

 

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