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 | 23/01/2010 01h19min

Deputados definem voto sobre autorização para o TJ analisar denúncia contra Leonel Pavan

Os 40 votos que definirão o destino do vice-governador devem sair em fevereiro

Ana Minosso e Natália Viana

Os deputados estaduais voltam do recesso no dia 1° de fevereiro com duas missões espinhosas: analisar o pedido de impeachment protocolado pelo PSOL contra o vice-governador Leonel Pavan (PSDB) e o pedido de autorização prévia para que o Tribunal de Justiça continue analisando a denúncia encaminhada pelo Ministério Público.

Com relação ao impeachment, o presidente da Assembleia, Jorginho Mello (PSDB), deu sequência ao processo e encaminhou o caso para a Procuradoria da Casa. Já o pedido do TJ ainda não foi enviado ao Legislativo, mas deve começar a ser apreciado logo que os deputados voltem ao trabalho.

O Diário Catarinense procurou os 40 deputados para saber a posição de cada um sobre o pedido de autorização. Pelo levantamento, 10 parlamentares são favoráveis à autorização, dois são contra, sete disseram que votam com a bancada qualquer que seja a decisão, 11 ainda não têm posição formada e nove não foram localizados.

O futuro presidente Gelson Merísio (DEM), que assume no 1° de fevereiro, é quem fará a condução do processo e prefere não se manifestar.

Pavan, desde o surgimento da denúncia, tem pedido rapidez para que ele possa provar sua inocência. No entanto, a transferência do caso da esfera jurídica para a política pode provocar uma mudança de estratégia.

O líder do PDSB, Serafim Venzon, já declarou que trabalhará para que os deputados neguem a autorização. Na sua visão, assumindo o governo, Pavan perderia muito tempo com explicações e defesas.

A base governista tem maioria no Parlamento e soma 27 deputados, número exato para autorizar ou não o pedido do Tribunal. Mas, em ano eleitoral, há quem questione se vale arcar com o ônus de engavetar o caso, o que poderia respingar em suas pretensões eleitorais.

O líder do PMDB, Antônio Aguiar, por exemplo, entende que o Tribunal passou o problema para a Assembleia resolver, mas afirma que conversará com a bancada antes de tomar uma decisão.

Já o líder do governo, Elizeu Mattos (PMDB), defende a autorização com o argumento de que estaria respeitando o pedido do próprio vice. Em conversa telefônica, Pavan teria dito a Elizeu que faria um ofício pedindo celeridade na tramitação na Assembleia para que ele possa se defender das acusações:

— Há interesse do vice para que seja rápida (a tramitação na Casa). Quanto mais demorar, mais ele ficará sangrando.

No DEM, o líder César Souza Júnior afirmou que ainda precisa analisar a situação, mas antecipa que a bancada fechará um voto que deverá ser seguido por todos.

Entre a oposição, o entendimento é que a Assembleia deve dar a autorização para que a Justiça esclareça os fatos. Para o líder do PT, Dirceu Dresch, trata-se de denúncias muito graves e os deputados serão cobrados pela sociedade. O deputado Lício Mauro da Silveira (PP) também defende a autorização, mas acredita que ela não será dada.

— Vai ser 28 a 12 (para negar a autorização), mas todos os 40 deputados ficarão manchados perante a opinião pública — avalia.

Adin questiona autorização prévia

O Ministério Público Estadual questiona a necessidade de autorização prévia da Assembleia Legislativa para abrir processo contra o governador, vice-governador e secretários de estado.

O MPE protocolou um requerimento pedindo à Procuradoria Geral da República que apresente uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o dispositivo da Constituição do Estado que estabelece esta prerrogativa.

O requerimento foi assinado no fim do ano passado pelo procurador-geral de justiça do Estado, Gercino Gomes Neto, antes do recesso. Na semana passada, o pedido foi protocolado na sede da PGR, em Brasília.

Gercino encontra-se em férias e ainda não se manifestou sobre o assunto. Mas, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel dos Santos, já propôs uma Adin sobre o mesmo dispositivo da Lei Orgânica do Distrito Federal.

A ação relativa ao Distrito Federal destaca que esta exigência equivale a um passaporte para a impunidade dos agentes políticos, pois cria dificuldade "quase incontornável" para processar o governador José Roberto Arruda, envolvido em um escândalo de pagamento de propinas.

Para o Ministério Público Federal, o artigo da Constituição Federal que prevê esta prerrogativa tem "caráter excepcionalíssimo", que não pode ser estendida a autoridades estaduais, "seja pelo intérprete, seja por decisão das constituições estaduais ou da lei orgânica".

Placar dos Deputados
Sim — 10
Amauri Soares (PDT)
Ana Paula Lima (PT)
Dirceu Dresch (PT)
Edison Andrino (PMDB)
Elizeu Mattos (PMDB)
Jailson Lima (PT)
Joares Ponticelli (PP)
Lício Mauro da Silveira (PP)
Moacir Sopelsa (PMDB)
Sílvio Dreveck (PP)
Não — 2
Carlos Chiodini (PMDB)
Serafim Venzon (PSDB)
Indefinifos — 11
Dagomar Carneiro (PDT)
Darci de Matos (DEM)
Genésio Goulart (PMDB)
Jean Kuhlmann (DEM)
José Natal (PSDB)
Kennedy Nunes (PP)
Manoel Mota (PMBD)
Odete de Jesus (PRB)
Reno Caramori (PP)
Romildo Titon (PMDB)
Sérgio Grando (PPS)
Votam com a bancada — 7
Ada de Luca (PMDB)
Antônio Aguiar (PMDB)
Cesar Souza Júnior (DEM)
Giancarlo Tomelin (PSDB)
Ismael dos Satos (DEM)
Marcos Vieira (PSDB)
Renato Hinning (PMDB)
Não localizados — 9
Adherbal Deba Cabral (PMDB)
Décio Góes (PT)
Jorginho Mello (PSDB)
Nilson Gonçalves (PSDB)
Padre Pedro Baldissera (PT)
Pedro Uczai (PT)
Rogério Peninha Mendonça (PMDB)
Sérgio Godinho (PTB)
Valmir Comin (PP)
Não se manifesta — 1
Gelson Merísio (DEM)
 

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