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 | 11/01/2010 09h21min

Encontro entre Pavan e empresário é chave para elucidar indiciamento na Operação Transparência

PF diz que vice-governador e Marcos Pegoraro se encontraram no aeroporto Hercílio Luz

Um encontro entre o vice-governador Leonel Pavan e o empresário Marcos Pegoraro no aeroporto Hercílio Luz, em 18 de março do ano passado, é a chave para elucidar o indiciamento de ambos, além de outras cinco pessoas, na Operação Transparência, da Polícia Federal (PF). Na ocasião, Pavan teria recebido R$ 100 mil para interceder junto à Fazenda a fim de reativar o registro estadual da empresa Arrows, cancelado por dívidas fiscais.

Confira a matéria do Diário Catarinense

A informação consta do inquérito da Polícia Federal, ao qual o Diário Catarinense teve acesso. De acordo com o documento, uma equipe de policiais federais acompanhou o encontro no aeroporto, “ocasião em que, ao que tudo indica, ocorreu a entrega do valor” ao vice-governador.

O principal argumento da defesa de Pavan é a alegação de que as conclusões da PF se baseiam apenas em conversas entre terceiros. A parte do documento que tenta comprovar o recebimento de propina pelo vice-governador, de fato, baseia-se em escutas de conversas de terceiros. Mas a PF deixa claro no documento a importância que tiveram estas gravações para a investigação, como no trecho:

“As evidências de que houve pagamento em dinheiro ao vice-governador em troca de sua atuação em prol dos interesses da empresa em questão estão presentes em diversas conversas telefônicas interceptadas, ora de forma velada, ora de forma expressa...”.

Três conversas grampeadas foram determinantes para o indiciamento do vice por corrupção passiva e para a denúncia à Justiça pelo Ministério Público. Na primeira, Pegoraro diz ao médico Armando Taranto ter ficado acertado um pagamento de “cem mil reais pro Pavan. Tudo dinheiro, tá?”.

Na segunda, Pegoraro diz a Claudio Chilanti, prestador de serviços da Arrows, estar a caminho do aeroporto, para entregar o “presente” de Pavan. Mais tarde, em depoimento, Chilanti declarou à PF ter “presumido que o presente seria algum pagamento em dinheiro ao vice-governador.”

Após acompanhar o encontro no Hercílio Luz, a PF ainda monitorou uma terceira conversa de Pegoraro, na qual o empresário teria dito, segundo o inquérito:

“Tá tudo acertado com o Pavan. Até porque eu já paguei”.

A investigação, porém, não girou apenas em torno da suposta propina recebida por Pavan. O inquérito diz:

“Como retribuição pelo valor recebido, o vice-governador chega a revelar ao empresário Eugênio Rosa e à advogada Vanderleia Aparecida a existência de investigações em relação à Arrows por parte de diferentes instituições”.

Segundo o documento, Pavan vai além e lê para Eugênio o ofício que havia sido encaminhado pelo Ministério Público Estadual de Santa Catarina à Secretaria da Fazenda, no qual era noticiada a abertura de investigação contra a empresa.

O inquérito, assinado pelo delegado da Federal Luiz Carlos Korff, afirma que Pavan também se mostrou confiante de que a inscrição estadual da Arrows seria reativada. As escutas, de acordo com o delegado, revelam uma conversa entre o vice e Vanderleia, na qual Pavan diz ter sido efetuado “um ato revogando isso hoje”, referindo-se, segundo as conclusões do delegado, “ao cancelamento da inscrição”.

DIÁRIO CATARINENSE
 

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