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 | 14/12/2009 00h10min

Defesa de Leonel Pavan vai alegar incompetência da Polícia Federal

Vice-governador, correligionários e advogado passaram final de semana analisando inquérito

Moacir Pereira  |  moacir.pereira@gruporbs.com.br

O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho vai alegar incompetência da Polícia Federal para indiciar o vice-governador Leonel Pavan (PSDB) na conclusão do inquérito da Operação Transparência. Ele teve acesso ao inquérito na sexta-feira e passou o final de semana em seu apartamento reunido com Pavan, vários assessores e correligionários políticos.

O ex-presidente do PSDB estadualDalírio Beber está tendo participação ativa no exame dos documentos. Reforçou a tese de que não há nenhuma prova contra o correligionário. O inquérito policial encontra-se com o procurador-geral de Justiça, Gercino Gomes Neto, que anunciará quais entre os sete nomes serão denunciados amanhã.

Gastão Filho sustenta que a Polícia Federal não tinha competência legal para fazer a investigação, pois "se crime houve ele é estadual, cabendo à polícia conduzir todo o inquérito". Diz, também, que o delegado que conduziu o inquérito poderia ter esclarecido dúvidas sobre a conduta de Pavan convidando-o para novo depoimento ou fazendo acareações com os empresários Eugênio Rosa da Silva e Marcos Pegoraro, da Arrows Petróleo do Brasil, que requeriam na Secretaria da Fazenda a recuperação da inscrição fiscal cancelada por sonegação fiscal. A dívida da empresa é de R$ 12 milhões com o Fisco.

- Pavan já estava sendo monitorado pela PF quando de seu encontro no Aeroporto Hercílio Luz com os empresários. Se houve entrega de dinheiro, como alega o inquérito, por que os policiais não deram voz de prisão, lavrando o flagrante? - indaga o advogado ao enfatizar que o indiciamento "é fruto de interpretação equivocada do delegado" e denunciar que "tem fita de gravação falsa dentro do processo".

Gastão Filho comentou aquela que está sendo considerada a prova principal do inquérito: a coleção de fotos de Leonel Pavan no aeroporto com os empresários.

- Na foto número um, Pavan está junto dos carrinhos de bagagem no interior do aeroporto. Na dois, aparece na frente do estande da Polícia Civil. Na três, apenas os dois empresários. Na quarta foto, os dois empresários no meio de passageiros. E na foto cinco Pavan também entre populares - disse Gastão Filho.

Com esta descrição, o advogado quer afirmar que as fotos não provam nada. Pavan leu o inquérito e refutou com veemência declarações atribuídas nas gravações de conversas de Eugênio Rosa da Silva.

O empresário paranaense diz que era amigo de Pavan e que o conhecia desde os tempos em que morou em Cascavel. Pavan diz que tinha 17 anos quando a família residiu no Paraná e que jamais teve contato com o empresário. Nas gravações, Rosa da Silva procura vangloriar-se - ainda na versão de Pavan - dizendo que era tão amigo do vice-governador que fora convidado para padrinho de casamento do filho Leonel Pavan Júnior. Além de declarar-se compadre do vice, que teria batizado seu neto.

A defesa está reunindo até detalhes de todo o cerimonial do casamento do filho para contestar as afirmações do empresário. Em relação ao indiciamento da advogada Vanderleia Aparecida Batista, Pavan afirmou que ela trabalhava na prefeitura de Balneário Camboriú e que teve uma única participação neste episódio. Intermediou pedidos de audiência dos empresários ao vice. A conversa que seria considerada a mais contundente envolve os empresários sobre o suposto pagamento de R$ 100 mil para liberação da inscrição. Um deles diz que os olhos do vice "brilharam", fato que Leonel Pavan repele.

Leonel Pavan Júnior também foi investigado. Há suspeita sobre duas empresas patrocinadoras de seu carro no campeonato catarinense de marcas. Como as duas empresas têm débitos na Secretaria da Fazenda, a ação de Pavan foi questionada. O inquérito anexa fotos do carro de corrida com um adesivo de um posto de combustíveis, que contribuiu com R$ 1,5 mil para a competição.

Gastão e Pavan destacam que as acusações no inquérito poderiam ter sido esclarecidas num segundo depoimento ou nas acareações.

- É tudo chutódromo - diz Pavan.

 

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