Parceiro do Avaí há mais de quatro anos, o empresário Luiz Alberto de Oliveira é o homem de confiança do presidente João Nilson Zunino. No início deste ano, por decisão pessoal, decidiu afastar-se da linha de frente do clube. Voltou a atuar forte, indicando contratações, no início de junho, e agora vê o trabalho de colocar o time na divisão de elite ficar seriamente ameaçado.

Nesta entrevista ao ClicEsportes, o empresário fala de negócios, das chances de permanência da equipe da Série A e da sua ligação com o presidente Zunino. Confira:

ClicEsportes: Apesar do seu retorno à linha de frente do Avaí, o time não consegue deixar a zona de rebaixamento do Brasileiro e os resultados não aparecem. O que precisa ser feito para tirar o clube desta situação?
Luiz Alberto de Oliveira: Na verdade, a gente sabia que seria uma guerra. Temos o menor orçamento, não podemos gastar muito e, mesmo assim, precisamos fazer alguma coisa. E o que poderia ser feito era reformular o elenco dentro da realidade do Avaí, gastando mais do que estava planejado. Além disso, tem a dificuldade de trazer jogadores, de correr atrás dos adversários. Dos (atletas) que vieram, a maior parte dos salários deles é pago por outros clubes. E a gente sabe que a dificuldade vai existir até o final. Buscamos reforços até o último dia, jogadores que tinham qualidade para vir. Agora é torcer muito para que o jogo deles encaixe logo.

ClicEsportes: Muitos torcedores deixarem de acreditar no time por causa dos maus resultados e não vão mais ao estádio. Para você, é cedo para jogar a toalha?
Luiz Alberto: É comum o Avaí passar por momentos difíceis, mas, no final, a gente sempre consegue dar a volta por cima. Vamos tentar salvar o clube até o último jogo, até a última chance, e o torcedor do Avaí precisa estar do lado do time. Mais comprometido do que eu tem de estar o torcedor. O clube é deles e, se ocorreu algo que não gostaram, tem de passar por cima disso e ajudar o clube. O Avaí não acaba com o resultado ruim. Pelo contrário. Vamos tentar crescer e lutar até o final. Não dá para desistir. Nunca desisti de nada na minha vida e situações adversas me fortalecem ainda mais.

ClicEsportes: Isso significa de que ainda há tempo para buscar a reação e permanecer na elite. Você acredita?
Luiz Alberto: Primeiro vamos lutar até o final. Não vai ser agora que vou desistir. É claro que se acontecer de cair para a Segunda Divisão, não vou largar o clube. Venho há oito ou nove anos montando times de futebol e passei por todas as situações imagináveis. Não me esqueço de uma frase citada pelo presidente João Nilson Zunino, onde ele diz que "sabia como as coisas poderiam dar erradas, perdendo a calma, se desesperando, perdendo o controle da situação, mas agora sabe como pode dar errado e como pode dar certo." Eu sei onde estão os erros e os acertos. Pode ter certeza de que vou ficar mais fortalecido, porque não tem ninguém mais preparado para fazer isso do que a gente. Não conto com essa hipótese (de rebaixamento). Temos chances, temos jogadores de qualidade, diferenciados, que podem decidir. Uma hora ou outra vai encaixar porque são jogadores bons.

ClicEsportes: O orçamento interfere na montagem da equipe? Em 2009, com recursos limitados, o Avaí conseguiu chegar ao sexto lugar no Brasileiro. Por que agora tem sido diferente?
Luiz Alberto: Sempre foi difícil trabalhar a questão do orçamento. Se a gente pegar um time como o Fluminense, tem jogadores como o Deco, o Fred, o Rafael Moura e o Martinuccio, eles pagam quase a nossa folha salarial inteira em um mês. Sempre tivemos essa dificuldade. Se, planejando e fazendo a coisa certa, conquistando títulos, tendo um orçamento menor no Estadual e contratações prontas para o Brasileiro já é difícil, imagina fazer isso durante o campeonato. Para criar um ambiente de harmonia entre jogador, torcida e  diretoria só com o tempo. Neste Brasileiro, não repetimos nenhuma vez a mesma escalação. Time bom é aquele que você sabe na ponta da língua. Tivemos de trazer jogadores, qualificar o elenco e torcer para que encaixassem logo.

ClicEsportes: Nas conversas que você tem com o presidente João Nilson Zunino, ele tem mostrado confiança na recuperação do time?  
Luiz Alberto: O Zunino é um exemplo para mim. Tudo o que ele passou neste ano, perdeu o pai, o Gabriel (filho) ficou doente e deu um susto na gente, a situação ruim do time e, ainda assim, segura a onda. Ele nunca deixa a gente baixar a cabeça e tem enorme vitalidade. Pedi desculpas a ele por ter deixado na mão em dezembro (quando afastou-se do clube). Não fosse por ele, não estaria aqui hoje. Sempre vou estar do lado dele, ainda mais se o time cair.

ClicEsportes: A propagada reação não está demorando muito para acontecer? Faltam 12 jogos para o campeonato terminar e, até agora, nada indica de que o time vai melhorar.
Luiz Alberto: O Avaí já passou do limite para reagir. A cada jogo diminui a nossa chance. No futebol, se você encaixa as vitórias, o percentual aumenta. Agora tem que ganhar do Bahia fora e cada jogo passa a ser uma decisão. O Avaí é um exemplo de superação. Em 2008, perdemos o Catarinense, demos a volta por cima e subimos. Em 2009, fomos campeões no Estadual, ficamos em último na Série A no início e terminamos em sexto lugar. No ano passado, fomos bicampeões estaduais, ocupamos o terceiro lugar no Brasileiro, tivemos jogador convocado para a Seleção (Renan), chegamos à semifinal da Copa Sul-Americana e escapamos do descenso com uma rodada de antecedência. O Avaí é um exemplo de superação, por isso, tem que acreditar sempre.

ClicEsportes: Mesmo que o time sofra nova derrota em Salvador, o técnico Toninho Cecílio será mantido?
Luiz Alberto: A gente tem plena confiança nos jogadores e no Toninho. Vamos brigar até o final e não vamos desistir nunca. Sabemos o que aconteceu de errado, o que precisa ser arrumado. Temos que nos fechar ainda mais e todo mundo ir para a briga. A ideia é somar nove pontos nos próximos três jogos. Agora a responsabilidade aumentou e só podemos pensar em uma resultado, que é o da vitória. Sinto que os jogadores estão mobilizados, querem vencer, têm qualidade. Agora é difícil manter o nível que tiveram contra o Corinthians e o Flamengo. A oscilação é algo normal em times que são montados no decorrer do campeonato. No ano passado, o time que jogou contra o Santos, na penúltima rodada e escapou do descenso, era o mesmo que estava na pré-temporada.

ClicEsportes: Os erros cometidos neste ano serão avaliados?
Luiz Alberto: Tudo o que foi feito de errado serve de aprendizado para não repetirmos. Só quando acontecem as coisas ruins é que você vai aprendendo, vai se moldando, passando por todas as situações na vida. Vamos estar ainda mais preparados para não repetir o que foi feito de errado neste ano para o ano que vem, ficando ou não na Primeira Divisão.