Na disputa entre o sol e as nuvens, melhor para a segunda, que deixa Porto Alegre mais cinzenta em dia de Gre-Nal. Se as pancadas de água previstas ainda não chegaram a Capital, o céu encoberto e o vento anunciam uma tarde de domingo com forte possibilidade de chuva. Nada, todavia, que possa atrapalhar o clássico 385, que já tem seus ingressos esgotados para a parte colorada.



No Dia do Trabalho, Porto Alegre demorou a acordar. Por volta das 8h30min, parques e arredores do palco da decisão da Taça Farroupilha, o Beira-Rio, ainda estavam à espera dos seus públicos. Seu Álvaro, no entanto, já estava com a sua banca armada no pátio do estádio, ávido pela clientela.

— Hoje, o movimento vai ser bom — antecipa o comerciante, emoldurado por bandeiras e acessórios do Inter.

Com o Guaíba como paisagem, uma corrida de rua movimentou a Zona Sul. Mesmo sem bola ou gramado, os corredores e a plateia, sempre munida de térmicas e cuias para um chimarrão, deram um jeito de homenagear o Gre-Nal que começa às 16h. Camisetas de Grêmio e Inter surgiam como se a bola estivesse no centro do campo, no aguardo do apito de Márcio Chagas.

Corrrida na Zona Sul já tinha um pouco do Gre-Nal

Tão tradicional quanto o Guaíba ou o Gre-Nal só mesmo o brique da Redenção. Em domingo de clássico, o típico ponto de encontro do porto-alegrense se transforma numa saudável disputa: qual time tem mais camisetas passeando pelo parque?

Por volta das 9h30min, o movimento ainda era tímido pelas tendas, o que não escondia o clima de Gre-Nal. Acompanhado da mãe Fabiana, o garoto Leonardo vestia a camisa 7 de Taison, o manto bicampeão da Libertadores. Sem o atacante, hoje na Ucrânia, o jovem torcedor já tem o seu jogador preferido para desequilibrar o clássico de logo mais.

— Vai ter gol do Sobis — projeta.

Gremista há 55 anos, seu Davi se mostra menos empolgado com o Gre-Nal. Vê defeitos graves no time de Renato, mas promete ficar de ouvido no rádio e olho na televisão, a partir das 16h. Desde cedo na Redenção, o comerciante sorvia um chimarrão vestindo botas, bombacha e... claro, a camiseta tricolor.

— Às vezes, até durmo com ela — brinca.

Para Porto Alegre, o Gre-Nal já começou.