Maior confronto do Estado, um dos mais importantes do Brasil, o Gre-Nal por si só reserva emoções, a despeito do contexto. Neste domingo, no entanto, Grêmio e Inter medem forças num clássico cheio de consequências. Mais do que a provocação ao colega de trabalho ou a contabilização de nova vitória nas estatísticas, o Gre-Nal 385 pode deixar marcas para toda a temporada. O clicEsportes lista a seguir fatores que provam a importância da partida das 16h no Beira-Rio. Entre tantas dúvidas e expectativas, uma certeza: não será um Gre-Nal qualquer.

Vale taça no armário

Alguém vai dar volta olímpica ao fim da tarde no Beira-Rio. O Gre-Nal 385 vale o título da Taça Farroupilha. Uma vitória colorada significa um prolongamento do campeonato em mais dois Gre-Nais decisivos. Para o Grêmio, no entanto, uma vitória tem sabor de título e economia de jogos: como já conquistou o primeiro turno, basta derrotar o rival neste domingo para conquistar o Gauchão sem a necessidade de duas finalíssimas.

Foto: Jefferson Botega

No Painel RBS da última sexta-feira que reuniu os técnicos da Dupla, Renato e Falcão deixaram claro: levar essa taça é mais do que prioridade, surge como um “sonho” a curto prazo.

Idolatria posta à prova

Grandes ídolos da Dupla como jogadores, Renato e Falcão duelam pela primeira vez num Gre-Nal. Mesmo adorados pelos torcedores, os técnicos sabem que uma eventual derrota em clássico pode colocar em xeque, pelo menos por instantes, toda essa idolatria.

Montagem sobre fotos de Diego Vara e Fernando Gomes

Para Renato, a questão parece mais delicada. Depois de um segundo semestre empolgante em 2010, com bom futebol e vaga na Libertadores, hoje o técnico sofre com falta de peças e ainda não conseguiu acertar o time.

— Meu time está enfraquecido, sim. Mas é o grupo que tenho e preciso dar moral a quem está aqui — argumenta.

A angústia tricolor é tanta que Renato chegou a ser vaiado nos últimos jogos, algo impensado até então. Uma derrota no clássico de logo mais pode acentuar a desconfiança sobre esse Grêmio de 2011.

Recém chegado ao Beira-Rio, Falcão defende neste clássico uma invencibilidade que persiste desde sua estreia, em 16 de abril. Até agora, como técnico colorado, Falcão coleciona três vitórias e um empate. Por enquanto, o comandante navega num mar tranquilo, sem sobressaltos. Aplicou um novo sistema de jogo, descartou o 4-5-1 de Roth, duramente criticado pelos torcedores, e passou a defender um estilo de jogo antagônico ao antecessor, soando como música no ouvido dos colorados. No entanto, uma derrota em Gre-Nal pode abalar o bom início de casamento entre fãs e técnico. O próprio Falcão está ciente do poder do clássico, para o bem e para o mal:

— Todos sabemos que o Gre-Nal pode arrumar ou desarrumar a casa. Por isso, é impossível prever favoritismo.

Goleiros querem agarrar chance

Obscuros no anonimato da casamata, Marcelo Grohe e Renan ganharam um sopro de protagonismo com as lesões dos titulares Victor e Lauro. O goleiro gremista tem um histórico pouco animador de resistência por parte da torcida. Já Renan saiu do Beira-Rio em 2008 como ídolo, voltou em 2010 e passou a sofrer críticas até começar este ano no banco.

Foto: Tatiana Lopes

Crias das categorias de base da Dupla, os goleiros veem no Gre-Nal de logo mais a chance de comprovar as suas qualidades. Grohe já conquistou um Gauchão como titular e em pleno Beira-Rio em 2006. E também defendeu o gol tricolor em partidas importantes de Libertadores.

— Me sinto muito mais maduro hoje. A gente aprende muito — destaca o gremista.

Foto: Trato.TXT, divulgação

Renan ruma a seu quinto jogo consecutivo no gol colorado e coleciona defesas importantes e uma boa média de dois gols sofridos. Mais do que números, recebeu elogios do vice-presidente de futebol Roberto Siegmann, que comemora a volta do “velho Renan”.

— Fico feliz de, quando chamado, conseguir dar segurança, um resultado pro time — festeja o goleiro colorado.

Prova dos 9: redenção x consagração

Alcindo, Geraldão, Dario, Catimba, Jardel, Christian... o Gre-Nal é um jogo para centroavantes. Neste domingo, não será diferente, mesmo que eles passem por momentos completamente antagônicos. Borges e Leandro Damião entram em campo no Gre-Nal 385 em busca do gol, mas com intenções diferentes.

Foto: Ronaldo Bernardi

Em má fase técnica, o centroavante do Grêmio deteriorou sua imagem ao torcedor com a expulsão contra a Universidad Católica, na última terça. Acabou punido pela direção, mas vai jogar no Beira-Rio. O Gre-Nal, para Borges, é a chance da redenção após um começo de temporada nada animador. História no clássico ele já tem: marcou um dos gols do Grêmio na vitória por 2 a 0, pelo Gauchão passado.

— Ninguém desaprende a fazer gols — argumenta Borges, que não balança as redes há quatro jogos.

Foto: Diego Vara

Em momento abençoado, com 18 gols em 17 partidas no ano e convocação a Seleção, Damião atuou apenas cinco minutos no último clássico, pelo Brasileirão. Ou seja, o jogo deste domingo é quase uma estreia para ele. Motivação não falta:

— Vamos nos preparar para essa guerra. (O Gre-Nal) É um campeonato a parte – projeta Damião, certo de que um gol no clássico confirmaria a sua consagração numa temporada já irrepreensível.

Um Gre-Nal "pra frente"

Renato e Falcão podem até fazer mistério sobre escalações e revelá-las momentos antes de a bola rolar. Mas uma coisa é certa e eles não escondem de ninguém: são adeptos de um futebol ousado, que privilegia o ataque. Marcado historicamente como um clássico de virulência, muita marcação e poucos gols, o Gre-Nal deste domingo reserva essa inversão de expectativa, com um jogo mais franco e leve.

Foto: Diego Vara

— Prefiro o futebol ofensivo — defende Renato. — Pretendo mudar essa cultura do futebol gaúcho. Tem que marcar, claro, mas é preciso ter jogadores que saibam jogar.

— Gosto de time que joga para frente. Não aceito que o Inter jogue para trás. Aliás, o Inter não pode aceitar jogar para trás — avalia Falcão.

Pelo jeito, esse Gre-Nal exigirá muito dos goleiros — e da garganta dos narradores.


Gre-Nal 385 – Final da Taça Farroupilha (Gauchão 2011)

Inter
Renan; Nei, Bolívar, Rodrigo e Kleber; Guiñazu, Tinga, Andrezinho e D’Alessandro; Sobis e Damião. Técnico: Falcão

Grêmio
Marcelo Grohe; Gabriel, Rafael Marques, Rodolfo e Neuton; Rochemback, Adilson, Willian Magrão e Douglas; Leandro e Borges. Técnico: Renato

Arbitragem: Márcio Chagas da Silva, auxiliado por Altemir Haussmann e José Franco Filho.
Horário: 16h
Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre
O jogo no ar: A Rádio Gaúcha abre as transmissões às 9h30min
RBS TV transmite ao vivo
PFC transmite pelo pay-per-view
O clicEsportes acompanha o pré-jogo e os 90 minutos em tempo real