Mundo | 08/12/2010 13h45min
Hackers assumiram nesta quarta-feira a autoria dos ataques contra os sites da Mastercard e do banco suíço Postfinance, em represália contra o movimento para sufocar financeiramente o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange.
O WikiLeaks provocou a ira de governos no mundo inteiro ao divulgar milhares de documentos confidenciais de embaixadas americanas, fornecendo detalhes constrangedores dos bastidores da relação entre os países.
Depois que o site começou a pedir doações online para continuar suas atividades, as operadoras de cartão de crédito Mastercard e Visa anunciaram a suspensão dos pagamentos feitos ao WikiLeakes.
Um grupo de hackers que se apresenta como Anon—Operation disse ter derrubado o site da Mastercard, mas a empresa se negou a comentar o assunto.
O grupo alega estar lutando pela "liberdade na internet" e contra a censura, e afirma que o site mastercard.com é seu "atual alvo".
O PostFinance, braço bancário do correio suíço, confirmou nesta quarta-feira que seu site vinha sofrendo "ataques de negação de serviço" desde que encerrou a conta de Assange, na segunda-feira.
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Um dia depois da prisão de Assange, que se entregou à polícia britânica na terça-feira e teve o pagamento de fiança negado nesta quarta, um dos mais respeitados advogados britânicos anunciou que entrará na briga para extraditá-lo para a Suécia, onde ele é acusado de estupro e abuso sexual.
O filho de Assange, de 20 anos, disse que a prisão de seu pai no Reino Unido não é "um passo para sua extradição para os Estados Unidos".
As autoridades suecas e americanas, no entanto, não entraram em contato sobre uma eventual extradição do fundador do WikiLeaks, informou o ministro sueco das Relações Exteriores, Carl Bildt.
— A resposta é não — disse Carl Bildt ao ser questionado sobre contatos entre Suécia e Estados Unidos a respeito de uma eventual extradição aos Estados Unidos de Julian Assange se este for entregue à justiça sueca.
Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores australiano, Kevin Rudd, prometeu que Assange receberá assistência consular da Austrália.
— Confirmamos e daremos apoio consular, assim como fazemos para qualquer cidadão australiano — disse Rudd, um dia depois da primeira-ministra Julia Gillard declarar que a publicação dos documentos secretos pelo WikiLeaks foi "gravemente irresponsável".
Ouça o comentário de Rodrigo Lopes sobre o caso:
Vídeo: historiador Paulo Visentini fala sobre
o efeito do WikiLeaks na política mundial
Entenda a cronologia do caso:
— Em 2006, o site WikiLeaks (wikileaks.org), especializado em vazar documentos confidenciais, é fundado pelo australiano Julian Assange.
— No ano de 2007, ele revela documentos sobre detenções em Guantánamo.
— Em 2010, mostra milhares de documentos dos Estado Unidos sobre as guerras do Iraque e Afeganistão.
— No dia 18/11/2010, a justiça sueca ordena a prisão de Assange, sob a acusação de estupro. Ele afirma que as acusações são falsas e que o objetivo das autoridades seria distrair a atenção dos graves abusos cometidos na guerra iniciada pelos Estados Unidos contra o Iraque e que ele tornou públicos.
— No dia 29/11/2010, ocorre a divulgação de mais de 250 mil documentos diplomáticos pelo site, no maior vazamento da história. São mensagens do Departamento de Estado americano, em que são revelados episódios ocorridos nos pontos de maior conflito no planeta e informações que expõem a política exterior dos EUA. Entre os documentos, há revelações de que o Brasil disfarçaria prisão de suspeitos de terrorismo.
— Em 03/12/2010, o WikiLeaks é tirado do ar por seu provedor americano, o EveryDNS.net, após um maciço ataque virtual ao site. Ele volta, seis horas depois, com novo endereço: wikileaks.ch
— Na manhã de terça-feira, 7 de dezembro, Assange é detido em Londres, em função da ordem de prisão das autoridades suecas por suspeita de estupro.
Documento detalha submarinos, recursos minerais e empresas de importância estratégica em países como Áustria e Nova Zelândia
Foto:
wikileaks.org, Reprodução
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