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Esportes  | 31/10/2010 12h10min

Estudo e futebol: Conheça jogadores que fazem essa combinação render

Nos grupos do Grêmio e do Inter, há atletas que conseguem conciliar faculdade com a profissão

Tatiana Lopes e Diego Guichard  |  tatiana.lopes@rbsonline.com.br e diego.guichard@rbsonline.com.br

Jogador de futebol tem um dia a dia corrido, com treinos às vezes em dois turnos, jogos, entrevistas, viagens, concentrações. Há quem use o tempo que resta para descansar ou aproveitar com os familiares. Mas há os que continuam atarefados e encontram espaço para os estudos. O esforço, garantem esses profissionais, é válido. Formado em Educação Física, o goleiro Victor, do Grêmio, é um exemplo de profissional bem-sucedido, que conseguiu conciliar o futebol com a faculdade.
 
Victor treinava durante o dia e estudava à noite. O trabalho de conclusão da faculdade foi feito durante as concentrações. O goleiro estudou de 2001 a 2005, na Escola Superior de Educação Física de Jundiaí, interior de São Paulo.
 
– Era difícil. Quando o treino era em dois períodos, muitas vezes eu chegava atrasado. Fiz diversos trabalhos durante a concentração, inclusive o de conclusão do curso. O técnico Vagner Mancini (no Paulista) foi muito importante nesse processo, porque ele me liberava da concentração para ficar na aula. Eu saía da concentração, ia para a aula e depois voltava direto para a concentração – lembra.
 
O goleiro aproveita o que aprendeu na faculdade no dia a dia no Olímpico.
 
– Eu já aproveito na minha rotina de trabalho. Aplico coisas que aprendi na faculdade nos treinamentos. Também consigo entender melhor os princípios de cada fundamento e quais os objetivos a serem atingidos – destacou. – É um diferencial para a profissão. Acrescenta na vida. Conhecimento ninguém te rouba.

Victor: "Fiz diversos trabalhos durante a concentração"
Foto: Tatiana Lopes.


 
Como o titular do gol gremista, o volante Mateus Magro, do grupo de juniores do Grêmio, estuda Educação Física. O jogador, de 20 anos, começou a faculdade no início de 2008, quando jogava pelo Novo Hamburgo. Estudava na Feevale, e depois mudou para a PUCRS ao acertar com o Grêmio.
 
– A importância que eu vejo é de não ser um jogador comum, e sim inteligente dentro e fora de campo – aponta o volante, que também faz aulas de inglês. – Até hoje me saí bem, nunca repeti nenhuma cadeira, nem precisei fazer G2 (recuperação).
 
Mateus pensa no presente, mas já mira o futuro. Depois que encerrar a carreira de jogador, tem o sonho de ser treinador. Até por isso ele decidiu estudar Educação Física. A pressão que a carreira condiciona ao profissional não assusta o garoto.
 
– A pressão não me assusta. O Cebola (Andrey Lopes, ex-treinador dos juniores e hoje auxiliar técnico de Renato) sabe que eu gosto da profissão, gostava de ajudar ele no Junior e falar sobre sistemas táticos – comentou.

Mateus: "Nunca repeti nenhuma cadeira"
Foto: Tatiana Lopes


 
 
Ele faz Administração e tem inglês e espanhol no currículo
 
Marcus Vinícius, zagueiro da base do Grêmio que está emprestado ao ASA-AL, estava em dúvida entre Educação Física e Administração. Escolheu o segundo curso porque tinha uma abrangência maior, na visão dele. Como foi transferido, teve de trancar a faculdade. Mas assim que voltar para Porto Alegre, seguirá com os estudos na Fargs. Além disso, fez cursos de inglês e espanhol.
 
– Hoje eu acho que fiz a escolha certa, me abriu olhos para outras coisas, e isso pode me ajudar a ficar menos dependente dos outros. Minha família teve uma cultura de estudar muito, e eu segui isso. Gosto e acho importante para o futuro, depois que eu terminar a carreira no futebol, tenho que ter algum conhecimento, em alguma outra área ou até no futebol, mas fora do campo – destacou o jogador de 21 anos.

Marcus Vinícius: "Acho que fiz a escolha certa"
Foto: Arquivo Pessoal.

 

Entre estudos e concentrações
 
Destaque do Inter B, o volante Juliano, de 20 anos, não descuida dos estudos. Cursa Educação Física na PUCRS. Por causa do ritmo intenso de viagens com o grupo, faz de três em três cadeiras, sempre tentando evitar dias de jogos.

– Normalmente, estudo segundas, terças e quintas. Mas às vezes perco algumas aulas – conta.

Juliano considera importante frequentar a universidade “para manter um bom nível cultural”. No entanto, sabe que será difícil se formar, já que a carreira de um jogador de futebol exige muito.

– O objetivo é de me formar. Nunca se sabe o dia de amanhã – afirma Juliano, que tem contrato com o Inter até 2011.

Discreto, diz que prefere nem contar que é jogador de futebol na universidade. Mas quando os colegas descobrem, não demoram a começar a pedir camisas.

– Não gosto muito de contar que jogo no Inter. Quando sabem, viram amigos e pedem até camiseta, mesmo que sejam gremistas – comenta.

A rotina puxada de treinos complica até para o jogador fazer trabalhos em grupo. Festas de faculdade? Nem pensar.

– Nunca fui a uma festa de faculdade. Mas consigo ir a casa de alguém fazer trabalhos em grupo – conta o volante.

 
 
 
Juliano: "O objetivo é de me formar. Nunca se sabe o dia de amanhã"
Foto: Diego Guichard

 

Renan pretende voltar

Goleiro titular do Inter, Renan iniciou o curso de educação física e concluiu o primeiro semestre. A continuidade na universidade, entretanto, foi interrompida por um bom motivo – a convocação para a Seleção Brasileira Sub-20, em 2005. 

– Foi bem naquela época do Mundial Sub-20. Não deu para continuar – explica o goleiro.

Renan considera a importância da universidade, mas alega que a rotina de jogos complica bastante para um jogador profissional.

– Pretendo voltar para concluir o curso. Mas somente depois de encerrar a carreira – comenta.

Renan: "Pretendo voltar para concluir o curso".
Foto: Dirego Guichard


Opinião de profissional

 
Grêmio e Inter têm psicólogos e assistentes sociais que trabalham no dia a dia dos clubes e cuidam, também, da educação dos jogadores. Até os 18 anos, os atletas são orientados a frequentar a escola e, principalmente os que moram nos alojamentos dos estádios, têm seus rendimentos nos estudos avaliados com periodicidade.
 
– Nosso trabalho é diretamente ligado também para essa parte, planejamento de observação nas escolas, até os 18 anos tem q estar estudando, depois eles fazem as próprias escolhas – explicou a psicóloga do Grêmio Jaqueline Volino. – Quanto mais longe eles forem, mas estarão contribuindo com seu desenvolvimento – completou.

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