| 28/04/2009 20h51min
Desde o sábado, os mexicanos se assustam com as notícias sobre a gripe suína, que preocupa o mundo mas faz vítimas especialmente em seu país. Veja o depoimento de três pessoas cujo cotidiano foi diretamente afetado por um vírus que há dias sequer conheciam.
Ricardo Andrés Sánchez Sarmiento, 27 anos, psicólogo, Guadalajara
"O primeiro que soube sobre a gripe no México foi há cerca de um mês, quando se começou a falar da 'influenza estacional', pela passagem de estação do inverno à primavera — este ano foi um dos mais frios nos últimos anos. Isso fez com que muitas pessoas na rua andassem com sintomas da gripe.
Depois, começou-se a dizer que não era 'influenza estacional', e sim 'gripe porcina' (gripe suína). Em Guadalajara, onde estou, entramos em 'emergência amarela', apesar de que não há nenhum caso confirmado. Estamos bastante preocupados, as pessoas na rua se sentem muito assustadas e, além disso, tivemos nosso cotidiano
alterado. Por decreto do governo, foram fechadas
todas as escolas e lugares de possível aglomeração.
Eu trabalho em uma clínica e, desde ontem (27/04) até 6 de maio, não poderei atender a nenhum paciente, o que significa que meu salário estará prejudicado neste mês. Estou usando uma máscara, mas elas já estão esgotadas nas farmácias ou com o preço 300% superfaturado. Os medicamentos também estão mais caros, porque uma coisa acaba afetando a outra. Minha família cogitou que eu volte à Colômbia, de onde sou natural, caso a situação se agrave. Preocupa saber que em algum momento se pode morrer."
Verónica Isabel Alvarado Isabeles, 22 anos, estudante de Turismo, Cozumel
"Eu soube no sábado, quando saí para jantar com amigos. Eles comentaram sobre a gripe, mas não pensei que fosse o caso de se preocupar, até domingo, quando foi cancelada a Feira de San Marcos, em Aguascalientes. Essa feira é muito importante internacionalmente, e só a cancelariam por um motivo muito forte.
Ontem (27/04), quando me levantei, a
primeira coisa que escutei foi que em Guadalajara (a Capital do Estado de Jalisco, de onde sou natural) as aulas estavam suspensas por causa do vírus. Logo entrei em um chat e as pessoas diziam que Jalisco estava contaminado e que as aulas não estavam acontecendo em todo o Estado. Tive muito medo, sobretudo porque no centro do país estão minha família, amigos e pessoas que amo. O terror avançava em mim porque não podia me comunicar com meus familiares — eles estavam com o celular desligado. A verdade é que me assustei bastante. Mas ontem à noite pude me comunicar com minha família e fiquei mais tranquila.
O turismo está sendo muito prejudicado. Vários cruzeiros desistiram de aportar em Puerto Vallarta (um centro turístico em Jalisco importante para o país), e discotecas, bares e restaurantes fecharam nesta cidade. Aqui em Cozumel todos os cruzeiros que chegariam esta semana foram cancelados. Isso é muito grave, já que a cidade vive apenas do turismo. As ruas estão vazias e não há pessoas
a quem
vender jóias, recordações e alimentos."
Yolanda Covarrubias, 23 anos, estudante de Administração, Autlán de Navarro
"Para mim, o que está acontecendo é que estão assustando toda a população. Há poucas pessoas nas ruas, pois todos estão com medo de se infectar e morrer. Eu soube da existência dessa gripe no final de semana, e desde ontem (27/04) aumentaram os mortos e as pessoas doentes. Parece que o vírus está se expandindo muito rápido.
Quase tudo foi paralisado, não há aulas até a próxima semana e muitos escritórios estão fechando. É quase obrigatório usar máscaras. A cada pessoa que vês espirrar, tu vais o mais longe que podes. Na minha casa, o que mudou na rotina é que os que iam à aula já não vão, até 6 de maio. Me preocupa que o vírus se expanda ainda mais e que não seja controlado a tempo. Espero que seja descoberta uma vacina."
Direto do México, o repórter Marcelo Gonzatto relata como o país está lidando com o surto de gripe suína e as atitudes das autoridade para combater a doença:
ZERO HORA
"Até 6 de maio, não poderei atender a nenhum paciente", afirma o psicólogo Ricardo Andrés Sánchez Sarmiento, 27 anos
Foto:
Arquivo Pessoal