| 14/11/2012 11h15min
A Polícia Militar de Santa Catarina reconhece a hipótese de que uma facção criminosa esteja por trás dos ataques que assolam o Estado nos últimos dias. A instituição acredita, porém, que os atentados sejam ações isoladas de criminosos que acabam sendo estimulados por um interesse comum: intimidar o Estado.
De acordo com a Coronel Claudete Lehnkuhl, chefe do Centro de Comunicação Social da Polícia Militar, os serviços de inteligência trabalham para identificar de onde estão partindo as ordens, para dizer se há ligação entre os atentados.
Enquanto a inteligência procura mandantes, os mandados estão atuando e colocando em prática as ordens de incendiar ônibus e atacar membros dos serviços de segurança pública. Desde segunda-feira, cinco ônibus foram incendiados e outros dois atacados; uma viatura foi queimado por dentro e um veículo particular atingindo por chamas; e pelo menos 19 tiros atingiram alvos da segurança pública.
Para enfrentar os atentados nas ruas, a Coronel explica que não há aumento no efetivo. Atualmente, Santa Catarina conta com 11 mil policiais militares.
— O que houve foi uma intensificação desse policiamento. Todo o efetivo está em prontidão, inclusive nos momentos de folga, que foram reduzidas. Para isso, foi liberado o pagamento de mais hora extra.
De acordo com a Coronel, essa prontidão está vigorando em todo o Estado. Na segunda-feira, primeiro dia dos ataques, dois municípios foram atingidos e, na sequência, cinco cidades foram alvo dos ataques, a polícia não descarta a possibilidade de essas ações se espalharem por outras regiões.
Ataques no Norte da Ilha
Mais do que uma represália à forma como os presos estão sendo tratados nas unidades prisionais, a PM acredita também que os ataques podem ter a ver com ações da polícia na Comunidade do Siri, no Norte da Ilha. As operações têm sido intensificada na área, considerada uma das mais problemáticas segundo a PM.
— Isso explica porque os ataques, apesar de generalizados, atingiram mais a região do Norte da Ilha — concluiu a Coronel, referindo-se aos ataque a ônibus urbanos.
Sobre os ataques, a Coronel também explicou que a PM está tentando fazer a escolta dos veículos com o intuito de evitar novos ataques, mas com o efetivo que tem, não é possível seguir todos os veículos. A empresa que teve três veículo comprometidos explicou que, durante a terça-feira, três viaturas fizeram a segurança da frota que tem mais de mil saídas durante o dia.
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>> Veja a galeria com imagens dos ataques
A segunda noite de ataques:
Dois ônibus foram parcialmente incendiados na noite desta terça-feira em Navegantes. O primeiro incêndio ocorreu em um ônibus da empresa Transpenha, que faz o transporte de funcionários de empresas, e estava estacionado na Rua Orlando Ferreira, no Bairro Machados.
No Sul do Estado, dois rapazes que estavam em uma moto fizeram dois disparos com arma de fogo na noite desta terça-feira em frente ao Presídio Santa Augusta em Criciúma, no Sul do Estado. O fato ocorreu por volta das 21h, mas os tiros não acertaram ninguém.
Em Florianópolis, dois contêineres de lixo foram incendiados na avenida Ivo Silveira, na altura do Morro da Caixa no final da tarde desta terça-feira.
Ainda na Capital, mais um ônibus foi incendiado. O alvo desta vez foi um coletivo que se deslocava no Bairro Ingleses, Norte da Ilha, na noite desta terça-feira. A Polícia Militar foi avisada por volta das 21h40min. O ônibus teria sido abordado por dois homens armados. Os passageiros saíram e ninguém ficou ferido.
Contêineres foram queimados na Ivo Silveira
Foto: Cristiano Estrela/Agência RBS
Mais tarde, a 2ª Delegacia de Polícia Civil, no Saco dos Limões, em Florianópolis, foi alvo de tiros na noite desta terça-feira, às 22h45min. No mesmo local, um carro foi incendiado por bandidos, na noite anterior.
A segunda noite de atentados contra veículos em Santa Catarina teve as primeiras ocorrências no Litoral Norte nesta terça-feira. Em Itajaí, em menos de três horas, cinco veículos foram queimados em bairros aleatórios da cidade e um foi alvo de uma tentativa de incêndio.
Em Blumenau, a motorista do ônibus 511 da Rodovel abriu as portas traseiras para os últimos 20 passageiros desembarcarem no Morro da Saxônia, no Bairro Ponta Aguda. Quando foi surpreendida por dois homens armados e de capacete. Menos de cinco minutos depois, viu o ônibus que dirigia há pouco mais de um mês ser incendiado pelos criminosos.
Em entrevista coletiva na tarde terça-feira, a alta cúpula da polícia em SC, formado por integrantes das duas polícias, secretários e diretores da área, afirmou que continua investigando ocorrências registradas contra policiais e diz que todo o efetivo está de sobreaviso até segunda ordem.
A primeira noite de atentados
O primeiro ataque aconteceu por volta das 21h30min de segunda-feira. Segundo testemunhas, três jovens embarcaram como se fossem passageiros, em um ponto de ônibus perto do Tican. Em uma parada da SC-401, no sentido Centro-bairro eles teriam ordenado que todos desembarcassem imediatamente e que ninguém reagisse. As chamas destruíram o veículo completamente.
Foto: Cristiano Estrela
Cerca de duas horas depois, o segundo ônibus foi atacado. O veículo manobrava para entrar na garagem que fica no bairro Canto do Lamin quando foi invadido por dois homens que com uma garrafa pet de dois litros, jogou gasolina no interior do veículo. Eles atearam fogo e fugiram. Motorista e cobrador conseguiram controlar as chamas.
Segundo o gerente operacional da empresa, Jucélio Santana, dos dois veículos que sofreram os atentados, o prejuízo foi de cerca de R$ 300 mil e que, por enquanto, nenhuma medida está sendo tomada com relação a segurança dos ônibus.
Além dos transporte público, unidades de segurança também foram alvo do ataque de criminosos na Grande Florianópolis. Por volta das 22h de segunda-feira, a base da PM no Bairro Aririú, em Palhoça, foi alvejada por tiros. Ninguém se feriu. Pela menos 16 cápsulas de pistola calibre 380 nas proximidades do posto.
Foto: Cristiano Estrela
Em Florianópolis, uma viatura da polícia Civil foi incendiada no Bairro Saco dos Limões. De acordo com a polícia, o carro estava estacionado em frente à 2a Delegacia de Polícia Civil.
Foto: Cristiano Estrela
Outro ataque ocorreu às 3h11min de terça-feira contra um carro particular de um policial militar que mora em Canasvieiras, próximo ao local onde dois ônibus foram incendiados. O Gol estava no estacionamento de um condomínio na quadra ao lado da Academia da Polícia Civil.
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