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 | 05/11/2012 06h03min

Policiais reforçam alerta contra novos ataques do crime em Santa Catarina

Houve quatro ofensivas em menos de 10 dias na Grande Florianópolis

Atualizada às 09h39min Diogo Vargas  |  diogo.vargas@diario.com.br

Os tiros contra um posto policial no fim de semana acenderam ainda mais o alerta das polícias Civil e Militar em Florianópolis.

Em nome de facções ou por fatos isolados, a realidade é que os criminosos desafiam a cada dia a própria policia, que não consegue paralisar os episódios de violência contra quem tem o dever de proteger e dar segurança.

As portas de vidro do posto da Polícia Militar na Vila Aparecida, região continental de Florianópolis, estavam fechadas na tarde de domingo. Não havia nem sinal de viatura ou PM por perto. Apenas cones, na calçada, sinalizavam a proteção da fachada.

Nas lajes das casas em frente, moradores se diziam preocupados com o futuro da base, temendo que ela seja desativada e que os traficantes voltem a espalhar domínio sobre a população de bem.

— Aqui, com o posto fechado, nem taxista quer vir trazer as compras do mercado para a gente, pois temem assalto — ilustrou uma moradora.

As marcas de tiros nos vidros de um prédio da polícia, a ausência de agentes pela região fazendo o policiamento nas ruas e a incerteza da população local em relação ao futuro contextualizam o momento na segurança pública na Grande Florianópolis.

Policiais civis e militares — assim como os servidores do sistema prisional — admitem um alerta máximo com atos extremos de ataques e violência a que estão ameaçados nos últimos dias.

A execução da agente penitenciária Deise Alves, em São José, o policial civil baleado em Ingleses, um guarda municipal assaltado em seu próprio apartamento. Por enquanto, não há relação entre os crimes, apenas a sensação de que ninguém está imune.

A suspeita é que a ordem para os ataques estejam partindo da facção criminosa que age de dentro das cadeias. Mas fatos isolados de criminosos que querem tumultuar ainda mais a situação podem estar se juntando aos episódios.

Os autores dos disparos contra a base da PM na Vila Aparecida não haviam sido identificados nem presos até o fechamento desta edição. Quatro suspeitos chegaram a ser detidos, mas foram liberados ainda no sábado.

Uma das linhas de investigação, conforme a PM, é de que o posto foi alvejado em vingança a uma abordagem de PMs na comunidade naquela mesma noite. Os PMs haviam checado uma denúncia de perturbação de sossego.

Insatisfeitos com a cobrança policial para por fim ao agito na madrugada, um grupo teria decidido atirar contra o posto. Mas também é investigada a possibilidade de ter sido um novo atentado a mando de líderes de facção criminosa.

— É claro que o policial aqui também está preocupado nas ruas, principalmente com os fatos e as notícias que estão vindo de São Paulo e Rio de Janeiro (morte de policiais militares). O policial está indo na padaria, de folga, com arma na cintura. Estamos num estado de 'desconfiômetro' e de alerta máximo — disse o major Alessandro Marques, da Comunicação Social da PM.

Na Polícia Civil, a realidade também é de total atenção entre os agentes e delegados. A cúpula garantiu que houve reforço na troca de informações entre as corporações e suas áreas de inteligência, ação que historicamente enfrenta resistência entre as instituições policiais no Estado.

— O pessoal todo está em alerta. Pedimos o cuidado de redobrar o zelo, embora não tenha informação clara de ameaças ou de que haverá atentados — ressaltou o delegado-geral da Polícia Civil em Santa Catarina, Aldo Pinheiro D'Ávila.

Apesar do discurso das duas polícias, nenhuma medida foi anunciada em prevenção ou de investigação para coibir os atentados.

O DC contatou, domingo, por telefone, o secretário da Segurança Pública (SSP), César Grubba. Ele disse que não poderia dar entrevista porque estava embarcando num avião em viagem, mas que retornaria a ligação mais tarde, o que não aconteceu até o fechamento desta edição.

Sindicatos denunciam problemas

Representantes dos sindicatos de policiais e servidores da segurança relatam problemas no dia a dia que podem agravar a onda de insegurança da categoria.

As principais queixas são de dificuldade de comunicação entre as polícias, coletes supostamente vencidos, armamento ultrapassado, delegacias sem estrutura e falta de efetivo.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Pedro Joaquim Cardoso, vai reunir as lideranças nesta segunda-feira para cobrar respostas do governo.

Carlos Alberto da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Segurança Pública (Sintrasp), lamenta o fato de policiais estarem executando procedimentos sozinhos por falta de efetivo, como aconteceu com o policial Gilmar Lopes, baleado no Norte da Ilha.

— Há uma movimentação orquestrada acontecendo contra os policiais, que estão recebendo ameaças. Precisamos de ações concretas e de rigor pelo governo — assinalou Carlos Alberto.

Em uma semana, quatro ocorrências:

26 DE OUTUBRO
À noite, quando chegava em casa de carro, a agente penitenciária Deise Alves morreu assassinada a tiros, no Bairro Roçado, em São José. A polícia afirma que foi uma execução em represália ao marido dela, o diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, Carlos Antônio Alves. Uma força-tarefa foi montada para investigar o crime. Até agora, dois jovens foram presos temporariamente por suspeita de envolvimento.

 
Foto: Caio Marcelo

31 DE OUTUBRO
Em plena tarde, quando entregava uma intimação na Vila União, Norte da Ilha, em Florianópolis, o policial civil Gilmar Lopes, 53 anos, levou três tiros. Não há relação com a morte da agente. A polícia reagiu montando em seguida uma operação com 150 agentes no local, mas ninguém foi preso.

 
Foto: Daniel Conzi

1º DE NOVEMBRO
Pela manhã, um guarda municipal foi assaltado no apartamento em que mora, no Conjunto Panorama, e teve a pistola roubada. Horas depois, a Polícia Militar — em conjunto com a Civil e a Rodoviária Federal — fez uma grande operação com cerca de 70 policiais na região da comunidade Chico Mendes (Bairro Monte Cristo), na parte continental da Capital. A arma foi localizada com dois adolescentes um dia depois, em São José, mas eles foram liberados.

 
Foto: Caio Marcelo

3 DE NOVEMBRO
De madrugada, criminosos dispararam pelo menos 14 tiros contra o posto policial na Vila Aparecida, parte continental de Florianópolis. Um PM estava no interior do local, mas não foi atingido. Ninguém foi preso.

ABRIL
Esta não é a primeira onda de ataques a unidades da Segurança Pública em 2012. Em abril, foram alvo de tiros a 2a DP de São José - onde também funciona a Central de Polícia da cidade-, a mesma base da PM na Vila Aparecida e o prédio do Departamento Estadual de Administração Prisional (Deap), na avenida Ilvo Silveira, no Continente.

DIÁRIO CATARINENSE

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