| 02/11/2012 06h44min
Um dia após o ataque contra um policial civil no Norte da Ilha e menos de uma semana depois da execução de uma agente penitenciária, policiais civis receberam ameaças na Grande Florianópolis. Um deles é delegado na região.
O estado de alerta entre policiais aumentou, especialmente porque entre os profissionais das forças de segurança, apenas alguns, da cúpula, receberam proteção.
Entre os policiais e agentes ameaçados em SC está um delegado experiente da Grande Florianópolis, que preferiu não se identificar. Ele contou que recebeu a informação de um dos setores de inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
O alerta veio com os nomes dos autores da ameaça de morte, que lideram o crime em uma comunidade carente da região. O delegado conta que redobrou os cuidados de segurança com ele e sua família, mas não a ponto de ficar "paranoico".
_Não podemos deixar de viver também, mas tomo alguns cuidados. Sempre estou atento a tudo, ando sempre armado, inclusive nas folgas, dou voltas antes de entrar em casa, mudo o percurso da casa para o trabalho com frequência e raramente saio à noite_contou o delegado.
_Estamos mais cautelosos. Os criminosos estão interligados em termos de ousadia. Atirar em policial é não ter medo da lei_observou.
Um investigador de Florianópolis e com fontes dentro do sistema prisional disse que integrantes do Primeiro Grupo Catarinense (PGC), facção criminosa suspeita de executar a agente prisional Deise Pereira Alves, 30 anos, no último dia 26, mudou o modo de agir.
_Antes o disciplina (responsável na facção por escolher quem vive e quem morre) autorizava (as mortes). Hoje, quem quer fazer (matar), faz por conta própria e aguenta a responsabilidade. Eles (criminosos) estão com a faca no dente, estão audaciosos. Virou uma bagunça_contou o investigador.
Policiais civis se reúnem para discutir proteção
Presidente do Sindicato dos Policiais Civis de SC (Sinpol), Pedro Cardoso, contou que começou a se reunir com lideranças da corporação, nesta quinta-feira, para tratar da "insegurança" em que estão vivendo os policiais.
_A grande preocupação nossa é que hoje o marginal perdeu o medo. Se antes estávamos perdendo o controle da segurança pública em geral, hoje estamos perdendo o controle da segurança dos próprios agentes que fazem a segurança pública_observou Cardoso.
_ A cúpula está protegida, mas o restante dos policiais, aqueles que trabalham na base, não estão_disse o presidente do Sinpol.
Entre as medidas de proteção que Cardoso sugere especialmente para os policiais que atuam na linha de frente, estão mudanças nas condições de trabalho.
Algumas medidas:
* Disponibilizar celular funcional para as equipes para poderem se comunicar, checar informações e pedir reforços
* Rádio comunicador nas viaturas que não existe mais
* Armamento mais potente, já que nas delegacias, segundo Cardoso, existem pistolas, e não arma pesada (grosso calibre) como alguns criminosos tem.
Diligências em área de risco
Agentes de polícia contaram que, ultimamente, qualquer diligência em local de risco é feita com o maior cuidado possível. E pedem melhor estrutura.
_Tem delegacia com apenas um policial no plantão, policial trabalhando sozinho como o agente baleado no Norte da Ilha, colete vencido, agente atendendo sozinho local de crime em delegacias da região e delegacia funcionando em casa alugada, sem proteção_disseram os agentes.
Polícia Civil diz que o Estado não vai recuar
O diretor da Polícia Civil na Grande Florianópolis, delegado Ilson Silva, disse que não existe insegurança e que não aconteceram ameaças contras as delegacias.
_Não estamos com medo de criminoso. A instituição foi feita para defender a sociedade. Não houve ameaças. Estamos em alerta sempre, 24 horas prontos para atuar e morrer. Quem entra na polícia não tem medo de morrer. O Estado não vai recuar diante de qualquer ameaça que houver contra seus agentes_afirmou Silva.
O delegado reconhece que há deficiência de pessoal e imóvel usado por delegacia sem proteção suficiente.
_Todo mundo almeja o ideal, mas depende de todo um processo. Não é culpa dos governantes. A própria situação jurídica faz com que isso aconteça. Para comprar um computador, precisa de licitação. E tem que ser assim porque o dinheiro do povo está em jogo_concluiu o delegado Ilson Silva.
DIÁRIO CATARINENSE
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