| 18/09/2008 19h35min
Para economistas, desde a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929 o mundo não viu uma crise como a que está sendo vivenciada hoje. A oferta de crédito para quem não podia pagar provocou a derrubada de instituições financeiras. Com o clima de pessimismo e as baixas das ações nas bolsas mundiais, os prejuízos chegam a US$ 3,6 trilhões em valor de mercado das companhias listadas em bolsas.
Aqui no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a queda de instituições financeiras norte-americanas. E criticou os bancos que opinavam sobre a economia brasileira.
Nesta quinta, dia 18, pela primeira vez desde o estouro da crise, o presidente dos Estados Unidos falou à imprensa. George W. Bush disse estar preocupado com a situação do
mercado financeiro e com a economia norte-americana. Ele destacou
ainda que o governo está trabalhando para a melhoria do quadro.
Uma das ações também foi anunciada nesta quinta. O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos divulgou que vai que captar US$ 100 bilhões adicionais nos mercados para ajudar o Federal Reserve em seus esforços de estabilização do sistema financeiro. Mas os primeiros sinais do colapso vieram ainda no ano passado.
– Especificamente em agosto do ano passado, quando dois fundos de um banco francês foram suspensos (não se pode sacar recursos desses fundos porque eles tinham investido no mercado sub-prime dos Estados Unidos e as perdas foram colossais). De lá para cá a gente está digerindo essa crise de forma muito lenta – explica o economista Marcelo Portugal.
É como se alguém comprasse uma casa por R$ 200 mil a longo prazo mas o imóvel custasse R$ 100 mil. Com o passar do tempo, sobem os juros, o comprador contrai mais dívídas e não consegue pagar as prestações. Este é um exemplo de
um cliente chamado pelo mercado de
sub-prime e que ajuda a entender a origem do rombo no sistema imobiliário nos Estados Unidos.
– É preferível entregar o bem e liquidar o contrato. Só que a garantia do bem não tem o valor do contrato. Obviamente quem emprestou o dinheiro vai perder – diz Portugal.
Nesta quinta o cenário foi de oscilação nas bolsas pelo mundo. A BM&F Bovespa fechou em alta de 5,48%. Para os especialistas, as conseqüências para o Brasil e outros países já são previsíveis: o crédito vai ficar mais caro, o que dificultará o consumo nos próximos meses. E isso vem acompanhado da valorização do dólar, que deve ficar mais próximo dos R$ 2. A tentência, então, é de que 2009 seja um ano com uma economia menos aquecida no país com o crescimento do PIB brasileiro menor que o deste ano.
– Uma crise bancária só termina quando você consegue expurgar todos aqueles bancos que estão com perda contábil – conclui Marcelo Portugal.